04/Apr/2024
Não bastasse a percepção de que o poder de compra dos brasileiros tem se mantido limitado para o consumo de carne bovina, a oferta de boi gordo, e de carne, também é considerada alta, pressionando as cotações da proteína no atacado. No início desta semana, pós-Páscoa, os varejistas relatam que as vendas de carne bovina estão fracas e iniciam abril cautelosos em suas novas compras. Ao analisar dados de produção, exportação e de importação, tem havido aumento na disponibilidade de carne bovina no mercado interno desde 2022. No ano passado, 7,4 milhões de toneladas de carne teriam sido ofertadas ao varejo brasileiro, o que seria equivalente a 36 quilos de carne bovina por habitante, patamar que se iguala ao recorde de 2013 (também na casa de 36 Kg/habitante). Em relação a 2022, o incremento no volume per capita foi de 13,5%. Ainda com algum estoque, muitos varejistas preferem aguardar a evolução dos preços, ponderando que venham a diminuir ainda mais no curto prazo, em função do volume que tem sido ofertado pelos frigoríficos.
Além disso, considerando-se o cenário macroeconômico, são pouco otimistas sobre uma reação do consumo. Agentes afirmam que a demanda do varejo está retraída tanto para as compras de carne desossada quanto de carne com osso. Caso a oferta de bovinos para abate siga elevada, a sustentação dos preços da carne bovina continuará pautada nas vendas externas. Nesse sentido, o maior número de unidades abatedoras habilitadas para exportação à China traz algum ânimo aos operadores do setor. Resta saber quanto a China e outros parceiros vão aumentar de fato sua demanda, como se sustentará ao longo do tempo e como o setor vai se organizar, em termos de estrutura e dinâmicas regionais, para atender a esse canal. Em São Paulo, no atacado, o conjunto de cortes que formam a carcaça casada com osso foi negociado em março, em média, a R$ 16,39 por Kg para o macho e a R$ 14,53 por Kg para a fêmea, quedas respectivas de 1,9% e de 2,8% em relação ao preço médio de fevereiro.
No 1º trimestre de 2024, em termos nominais, a carcaça casada de boi acumula baixa de 9%, saindo dos R$ 17,61 por Kg no dia 28 de dezembro/2023 para R$ 16,04 por Kg no dia 28 de março. A carcaça casada de fêmea, por sua vez, passou de R$ 15,54 por Kg para R$ 14,27 por Kg no mesmo período, recuo de 8,2%. Considerando-se a carne com osso de bovinos machos, a queda mais expressiva nos três primeiros meses de 2024 foi registrada para a ponta de agulha, de 15,6%, a R$ 13,74 por Kg no fechamento de março. O corte traseiro também se desvalorizou de forma expressiva no trimestre, 13,1%, para R$ 18,62 por Kg. Apenas o dianteiro (peças mais baratas) se valorizou, 2,7%, com média de R$ 13,64 por Kg. quanto ao boi gorno no mercado físico, a oferta acima da demanda também segue ocasionando diminuição dos preços. No trimestre, o preço médio do boi gordo em São Paulo recuou 8% e está cotado a R$ 228,62 por arroba neste início de abril. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.