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03/Apr/2024

Lácteos: Nui Markets lança plataforma para Mercosul

A companhia neozelandesa Nui Markets, que desenvolveu uma plataforma online para dar visibilidade aos preços de diferentes segmentos do agronegócio, vai começar neste ano a atuar na cadeia de lácteos no Mercosul. Segundo a empresa, a ferramenta pode ajudar a reduzir a especulação no mercado agropecuário. A plataforma atende processadoras, distribuidoras, tradings e compradores. Em páginas individuais dentro da ferramenta, clientes pré-avaliados têm acesso a dados de mercado em tempo real e podem fazer ofertas de compra e venda. É possível segmentar os negócios por região ou condição de pagamento, por exemplo, e decidir quem verá determinada oferta. A plataforma permite ainda especificar o tipo de produto, como ele é embalado, como será entregue e em qual mercado.

A página de negociação pode reduzir a informalidade de diferentes segmentos, como o do leite, em que alguns produtores vendem seus lotes por meio das redes sociais, sem nenhum lastro. Em apenas 15 minutos, por meio de uma venda ou licitação online da Nui, um vendedor ou comprador pode acessar os participantes interessados de diferentes países para encontrar o preço de um tipo específico de produto agrícola. Criada em 2012 e com operações nos Estados Unidos, Europa, Singapura e Dubai, a empresa tem dez acionistas, entre eles o ex-primeiro-ministro da Nova Zelândia John Key. Neste ano, a companhia vai apostar na popularização do serviço no Mercosul. A empresa começou a investir no Brasil em 2019, com foco nas usinas de cana-de-açúcar.

Nos últimos quatro anos, a multinacional decidiu usar sua experiência em lácteos na Nova Zelândia para resolver os problemas que o segmento enfrenta no mercado brasileiro, como a depreciação da cadeia leiteira. Entre 2022 e 2023, a Alvoar Lácteos, dona das marcas Bethania, Embaré e Camponesa, lançou uma oferta de compra de lactose na plataforma da Nui para atrair mais vendedores ao mercado e conseguir montar uma concorrência transparente na descoberta de preços. Na primeira negociação com a Alvoar, a comercialização de lactose chegou a 57 toneladas. Na negociação seguinte, cresceu o número de licitantes ativos e o volume de lactose comercializada subiu para 286 toneladas. Os dados dessas transações contribuíram para a formação de novos preços, mais baixos. A redução acabou beneficiando todas as negociações nos três trimestres subsequentes.

À frente da Nui Markets no Mercosul está o brasileiro Otávio Farias, ex-Alvoar, que define o negócio da neozelandesa como uma iniciativa no combate à especulação. Os índices de preços tradicionais são amplos e não permitem a descoberta de preços com um alto nível de detalhe. A plataforma cria uma espécie de leilão reverso, em que um comprador publica uma solicitação de compra de um produto agrícola e os fornecedores potenciais competem apresentando propostas com preços progressivamente mais baixos. Com isso, os participantes da negociação têm acesso ao verdadeiro preço de mercado, e, no fim da transação, sabem qual foi o valor negociado entre os licitantes. A Nui também mira o mercado de biocombustíveis, em que ela atuaria na tomada de preços do etanol. Para isso, ela criou em 2022 uma joint venture com a Flex Trading, empresa do segmento instalada no Rio de Janeiro.

Para os próximos anos, a meta é também incluir na plataforma o comércio digital de carnes. A aposta deve ganhar força depois da compra da PrimeXConnect, uma plataforma digital especializada no comércio de carnes. A empresa fechou o negócio no fim do ano passado. O modelo de negócio da Nui Markets baseia-se em assinaturas mensais e em comissões cobradas de compradores e vendedores que atuam na plataforma, com estruturas de taxas que dependem dos volumes comercializados e do uso da plataforma. Outros clientes da Nui no Brasil já negociam produtos como leite em pó, lactose e queijo com contrapartes nos Estados Unidos, Argentina e Uruguai. As plataformas da Nui têm 569 companhias cadastradas em 77 países. Ao todo, essas empresas já comercializaram 343 mil toneladas de produtos agrícolas por meio da ferramenta. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.