ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

02/Apr/2024

Carnes: oportunidade a frigoríficos de menor porte

Acordos firmados este ano entre Brasil e Egito e Brasil e Filipinas, no sentido de desburocratizar a exportação de carnes brasileiras para esses países, pode impulsionar, por tabela, o acesso de indústrias de pequeno e médio porte a esses mercados. Por meio do acordo chamado "pré-listing", a habilitação sanitária dos frigoríficos aptos a exportar é feita pelo país exportador, mas com base nas regras do país importador. Com o novo acordo, todos os frigoríficos cadastrados no sistema de inspeção sanitária do Ministério da Agricultura que cumprirem os requisitos de Egito e Filipinas estarão aptos a vender proteína animal para esses países. A Câmara de Comércio Árabe-Brasileira confirma a expectativa de maiores oportunidades a companhias de menor porte do setor de proteína animal, cenário que deve ser aproveitado especialmente pelos abatedouros de frango.

Agora, empresas que abatem de 500 mil a 7 milhões de frangos poderão exportar ao Egito, desde que tenham SIF. Para a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), se o Egito abrir mercado para cortes de frango, sendo que, hoje, importa predominantemente frango inteiro, vendido por grandes frigoríficos, este acordo pode trazer mais flexibilidade aos parques fabris do Brasil. No caso das Filipinas, como até 2023 apenas quatro plantas brasileiras estavam habilitadas a realizar embarques de carne suína para lá, o incremento deve vir tanto em volume como em número de frigoríficos. A expectativa é a de que o Brasil ocupe o espaço da União Europeia, que vem, ano a ano, reduzindo suas exportações para o país asiático. O Rabobank adverte, porém, que países exportadores esperam, com o pré-listing, ampliar o número de plantas de abate habilitadas a fim de estimular a concorrência, na expectativa de conseguirem preços mais baixos pelas cargas. Isso vai virar um jogo de mercado.

Por isso, é preciso o setor se organizar aqui para que a indústria de proteína animal não se 'fagocite' em termos de preço", uma referência à possibilidade de os preços caírem a valores abaixo do razoável. Os frigoríficos de porte menor estão muito interessados em exportar e não vão pensar duas vezes em apertar a margem. Naturalmente, se há mais players ofertando para o mesmo mercado, teoricamente existe a possibilidade de aumento de concorrência interna, o que pode pressionar os preços de exportação, ao mesmo tempo que se aumenta o volume. Para os exportadores, pode ser um fator de desafio a mais em termos de negociação de preço, mas também abre a possibilidade de compensar isso com o volume. No caso do Egito, outro fator de pressão sobre as cotações da carne importada é a economia local, atualmente em crise.

O Egito já vem em crise e pode aproveitar o maior número de opções de plantas exportadoras para pressionar o mercado. Em relação às Filipinas, a possibilidade de redução nas margens da indústria de proteína animal brasileira seria minimizada, em função dos preços naturalmente mais competitivos da carne suína brasileira ante os concorrentes. Além disso, trata-se de um mercado crescente e receptivo à carne de porco, tanto que, no primeiro bimestre de 2024, os embarques brasileiros dessa proteína para o país asiático cresceram 208% ante igual período do ano passado, antes mesmo da adoção do pré-listing. A ABPA não crê em sobreoferta brasileira ou queda dos preços, pois estará substituindo o produto europeu, que já é mais caro. A carne brasileira já tem presença relevante nesses mercados, com destaque para a carne bovina no Egito, tendo sido o sexto principal destino das exportações do Brasil em 2023, com 71.288 toneladas exportadas para lá, gerando receita de US$ 261,82 milhões.

As vendas de carne de frango totalizaram 59.136 toneladas no ano passado, com receita de US$ 122,52 milhões, enquanto as exportações de carne suína atingiram 55 toneladas, com receita de US$ 161.355. As Filipinas, por sua vez, foram os terceiros maiores importadores de carne suína do Brasil, com volume de 119.280 toneladas e receita de US$ 285,37 milhões, ficando na sexta posição entre os compradores da proteína de frango no ano passado, com 219.173 toneladas e US$ 203,07 milhões. Também foram importadas 56.218 toneladas de carne bovina, com receita de US$ 210,76 milhões. Esse acordo de pré-listing com as Filipinas é considerado o de maior impacto entre os mais recentes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.