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28/Mar/2024

Leite: TOP 100 2024 - maiores produtores do País

Desde 2001, anualmente, uma lacuna de dados a respeito da produção leiteira brasileira é preenchida com o Levantamento Top 100, uma iniciativa exclusiva do MilkPoint, que mapeia os 100 maiores produtores de leite do país e suas características de produção. O Levantamento de 2024 divulga dados correspondentes à produção, custos, sistemas de produção, raças, sustentabilidade e rentabilidade, bem como o ranking individualizado, classificando os 100 maiores produtores de leite do País. Os dados do Levantamento Top 100 2024 indicam que a marca de mais de um bilhão de litros de leite foi alcançada pelos 100 maiores produtores do País. Mais especificamente, o volume total comercializado pelo grupo foi de 1.048.958.090. Quando se fala de média diária de produção, os dados mostram que no Top 100 2024, esse valor foi de 28.739 litros, número 7,55% maior que o último relatório. A produção atual das propriedades elencadas no ranking Top 100 demonstra um incremento de 339% em relação ao primeiro levantamento, realizado em 2001.

Este índice de crescimento apresenta uma notável superioridade em relação à taxa de expansão da produção total brasileira. No mesmo intervalo temporal, observa-se que a produção formal teve um acréscimo de 84,4%, enquanto a produção total registrou um aumento de 72% (valor estimado para a produção total, dado que dados oficiais de 2023 ainda não foram divulgados pelo IBGE). A produção de leite no Brasil é bastante heterogênea. Nesse sentido, tentar analisar o todo através das médias tende a não resultar em uma análise correta. Os Top 100 representam uma parcela pequena do leite (4,3% do leite formal), mas que vêm crescendo. Além dos Top 100, há uma quantidade significativa de produtores aumentando a escala de produção, de forma que os top 100 são uma espécie de ponta do iceberg da transformação que ocorre no País. No Levantamento Top 100 deste ano, 64% dos produtores apontaram uma piora na rentabilidade em 2023, o que está em linha com o esperado, já que os preços ao produtor caíram durante o ano.

Já 14% disseram que a rentabilidade permaneceu igual e 20% responderam que haviam tido uma melhora. Os produtores do Top 100 seguem com foco em expandir a produção. A maioria pretende aumentar a produção de 20% a 50% nos próximos 3 anos (42 participantes), 39 fazendas pretendem expandir até 20% e uma percentagem mais tímida, 5%, quer crescer mais de 50%. O percentual de produtores que não pretendem expandir sua produção ficou em 14%. São produtores que têm em geral projetos bem estruturados e de longo prazo, com boa gestão e índices. Também, pela escala, recebem um diferencial de preços em relação ao mercado, o que explica a intenção de expansão mesmo após um ano mais complicado, como foi 2003. A produção dos 100 maiores produtores de leite do País referente ao ano de 2023 alcançou uma média diária de 28.739 litros, representando um aumento de 7,55% frente ao ano anterior e uma evolução de aproximadamente 340% em comparação ao primeiro levantamento realizado, em 2001.

Os 10 maiores conquistaram a média de produção de 69.161 litros/dia, valor esse 7% superior ao ano passado. O valor estimado de produção diária entre os que figuram o ranking Top 100 é de aproximadamente 2,9 milhões de litros, representando 4,3% do leite inspecionado. A faixa de custos de produção entre R$ 2,25 e R$ 2,50 foi a mais citada (33%), seguida da faixa entre R$ 2,00 e R$ 2,25 (29%) e da faixa entre R$ 1,75 e R$ 2,00 (20%). Dos 100 produtores, nenhum apontou custo de produção acima de R$ 3,00. No levantamento do ano passado, 5 produtores mencionaram essa faixa. Enquanto no ano anterior nenhum produtor apontou custos abaixo de R$ 1,75. Das 100 fazendas que compõem o Ranking, 84 delas mantêm seu rebanho em sistema de confinamento (Free Stall ou Compost Barn). A título de comparação, o levantamento de 2020 apresentava 70 fazendas nesses sistemas, mostrando a grande predominância desses sistemas nos produtores de maior porte. Apenas 5 das propriedades atuam com sistema baseado principalmente em pastagem (mais de 9 meses de pastejo), e somente 2 disponibilizam pasto para as vacas por metade do ano.

No ano anterior, eram 9 as propriedades que tinham as vacas com acesso a pasto em praticamente o ano todo A raça Holandesa é a mais utilizada entre os Top 100, presente em 80 fazendas. A raça Girolando vem em seguida, como principal raça em 16 propriedades, a passo que com 3 produtores utilizam Jersolanda/Kiwicross. O rebanho leiteiro dos produtores que figuram entre o Levantamento Top 100 2024 soma 88.501 vacas em lactação. Indo para o 11º ano consecutivo no topo do Top100, a Fazenda Colorado garante o primeiro lugar no levantamento de 2024. Sua produção média em 2023 foi de 96.688 litros/dia, produção 81% maior do que quando alcançou o topo pela primeira vez. A maior escalada de posições comparando o ranking Top100 de 2023 e 2024, foi da Fazenda Boa Sorte, localizada em Pernambuco, que saltou 35 posições e foi da posição 95 para 60 no Levantamento Top100 2024. A média diária de produção foi de 28.739 litros, valor este 7,55% maior que o último relatório (2022), quando a média foi 26.721 litros/dia.

Os dados do Levantamento Top 100 2024 indicam que a marca de mais de um bilhão de litros de leite foi alcançada pelos cem maiores produtores do País. Mais especificamente, o volume total comercializado pelo grupo foi de 1.048.958.090. A produção atual das propriedades listadas no Top 100 registra um aumento de 339% em relação ao primeiro levantamento, realizado em 2001. Esse índice de crescimento supera significativamente a taxa de crescimento da produção total brasileira. No mesmo período, a produção formal cresceu 84,4%, e a produção total aumentou 72%. Isso evidencia que o crescimento das propriedades do Top 100 é superior ao restante da produção no País. Mesmo com uma redução de 6 propriedades, a Região Sudeste segue com o maior número de fazendas no Top 100, com 45 propriedades em 2023. Em 2022 esse número era 51. As fazendas se localizam em Minas Gerais (36), seguida por São Paulo, com (11). Na sequência, a Região Sul, com 34 propriedades (5 a mais em comparação ao ano anterior).

Essas estão localizadas: 25 no Paraná, 7 no Rio Grande do Sul e 2 em Santa Catarina. Em seguida, vem a Região Centro-Oeste com 12 propriedades, com 11 fazendas em Goiás e 1 no Distrito Federal. Na Região Nordeste, as 9 propriedades estão distribuídas entre Ceará (3), Bahia (3), Pernambuco (1) e Alagoas (1). A série histórica mostra, gradativamente, a redução de participantes do Top 100 oriundos da Região Sudeste, ainda que seja esta a principal contribuinte para o Top 100. Desde a primeira edição do levantamento Top 100, a região que tem maior número de propriedades na lista é a Sudeste. Embora tenha perdido 6 propriedades no levantamento de 2024, ainda figura com importante destaque. Este ano, com 45 propriedades no ranking, a Região Sudeste é responsável por 516.876.572 litros, representando mais da metade de toda a produção dos Top 100 (51%). A Região Sul apresenta 34 propriedades, contra as 29 do ano anterior, favorecendo o crescimento absoluto da região, que apresentou um incremento de aproximadamente 13%, ou cerca de 46.754.682 milhões de litros.

A Região Nordeste se destacou, aumentando 10% sua produção frente ao ano de 2022. A Região Centro-Oeste apresentou incremento de 10% no seu volume de produção, um crescimento de 9,1 milhões de litros em comparação ao Levantamento Top 100 de 2023. A Região Sudeste se destaca, assim como em número de propriedades e volume absoluto de produção, como a região com maior produção por propriedade. O município líder em número de fazendas participantes do Top 100 2024 é Carambeí (PR), com 9 propriedades, 2 a mais que no ano anterior. Castro (PR), segue a lista e conta com 8 fazendas, ao passo que Arapoti (PR) figura com 5 fazendas. As 9 propriedades em Carambeí contribuíram com um total de 106,4 milhões de litros de leite em 2023, representando 10,14% da produção total do Top 100 em 2023. As fazendas em Castro (8 propriedades) e Arapoti (5 propriedades) alcançaram produções de 91,4 milhões e 36,4 milhões de litros em 2023, respectivamente. Esses números correspondem a 8,71% e 3,47% da produção total das fazendas listadas no levantamento.

Carambeí, Castro e Arapoti representam um cluster relevante para a produção de leite no País. Analisando os números além do Top 100, a mesorregião Centro Oriental Paranaense cresceu em média 7,3% ao ano entre 2015 e 2022, alcançando 2,7 milhões de litros/dia (obs: os Top 100 da região responderam por 8,6% desse total). O crescimento continuado do leite em uma região com terras muito valorizadas e intensa competição com commodities exportáveis é digno de nota e deve ser compreendido se o objetivo é ter uma cadeia competitiva nacional e internacionalmente. Em relação a produção por vaca das propriedades que figuram no Levantamento Top 100 2024, a média geral se estabeleceu em 33,3 litros/vaca/dia. Quanto as regiões, o Sul é destaque como a região com maior média, 37,2 litros/vaca/dia, seguida pelo Centro Oeste com 32,9 litros/dia, e, logo atrás o Sudeste, com média diária de produção de 32,6 litros/vaca/dia. Enquanto isso, a Região Nordeste apresenta uma média de produção de 22,1 litros/vaca/dia.

Vale pontuar que o preço médio recebido pelos produtores de leite se estabeleceu no ano passado em R$ 2,47 por litro, na “Média Brasil” (Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul), segundo dados do Cepea/Esalq-USP identificando uma margem positiva entre o custo médio apontado pelo Levantamento Top 100 2024 e a receita obtida. Também é válido destacar que os produtores que figuram no Top 100 possivelmente recebem bonificações por volume, recebendo valores consideravelmente superiores à referência da “Média Brasil” do Cepea. Um outro dado interessante de se avaliar é o percentual que a produção dos Top 100 representam do leite inspecionado. As informações do Levantamento Top 100 2024 mostram que esse número está em 4,3%. Os Top 100 representam menos de 5% do leite inspecionado, mas sua participação tem crescido ao longo do tempo. Se considerar que há centenas de milhares de produtores de leite no Brasil, o fato dos 100 maiores representarem quase 5% do total é relevante.

Mais ainda é a constatação de que há um número crescente de produtores com escala, mas que não aparecem no Top 100. No Levantamento “Quem Produz o Leite Brasileiro”, feito pela MilkPoint Ventures no ano passado, os produtores com mais de 5.000 litros/dia eram 1,7% do total, mas com 28,1% do leite inspecionado. Esse trabalho amostrou um terço do leite brasileiro. Esses dados mostram que há um processo de concentração em curso na produção de leite brasileira. A grande maioria das vacas nas fazendas Top 100 permanece em regime de confinamento, com ausência total ou praticamente nulo acesso a pastagens (84%). Apenas 7% das propriedades adotam predominantemente um sistema baseado em pastagens. No que diz respeito ao tipo de alojamento, a preferência predominante nas propriedades é pelo free stall (48%), seguido pelo compost barn (36%). Em menor proporção, observam-se propriedades que adotam mais de um tipo de alojamento (10%), além de piquetes em pastagem rotacionada (4%) e piquetes destinados ao descanso (2%).

O sistema Compost Barn, escolhido por 36% dos produtores, cresceu 2% frente ao ano anterior. Embora existam algumas possibilidades de raças leiteiras que se destacam tanto em produção como em adaptabilidade, a Raça Holandesa é predominante entre as fazendas Top 100, presente em 80% das propriedades, seguida pela Girolando, com 16% É interessante comparar a evolução no número de propriedades que atuam com a raça Holandesa, aumentando em 5 de um ano para o outro. Todas as propriedades da Região Sul (34) utilizam a Raça Holandesa, o que justifica a elevada produtividade por vaca observada na região. Por outro lado, na Região Nordeste, observa-se uma predominância do Girolando (7), seguido do Jersolando/Kiwicross (2), cruzamentos que conferem a rusticidade necessária para o clima mais quente da região. O Centro-Oeste é a região que apresenta maior diversidade de raças, enquanto no Sudeste predominam as holandesas (36), seguidas das girolandas (8) e gir leiteiras (1).

Em 2023, o Unium - Pool Leite (produtores que enviam leite para as Cooperativas Castrolanda, Frísia, Capal e Witmarsum), foi o laticínio com maior número de propriedades Top 100 como fornecedoras, com 20. Em seguida, vem a CCPR/Itambé, com 12 e a Piracanjuba, com 11. Vale destacar que 8 propriedades destinam sua produção para laticínios próprios. Como a CCPR/Itambé tem contrato de fornecimento com a Lactalis, na prática a empresa francesa teria o leite de 17 dos Top 100. Diversas propriedades evoluíram sua produção durante o ano de 2023, subindo no Ranking em comparação ao ano de 2022. A Fazenda Audax (Piracicaba-SP) registra o maior aumento de produção, significativos 11.000 litros/dia, representando 37% de crescimento. A Fazenda VR (Orizona-GO), também apresentou avanço representativo, aumentando seu volume em 35% (8.166 litros/dia), enquanto a Fazenda Boa Sorte (Garanhuns-PE), teve um incremento de 32%, o que representa um acréscimo de 6.671 litros/dia em comparação a 2022. Os produtores do Top 100 seguem com foco em expandir a produção.

O interesse da maior parte em expandir a produção mesmo com uma piora na rentabilidade em relação ao último ano pode, talvez, ser explicado por dois aspectos: o primeiro é que, em geral, são propriedades com alto investimento feito e que trabalham com um planejamento de longo prazo, em que um ano pior não é suficiente para mudar a estratégia de longo prazo; o segundo é embora a rentabilidade tenha diminuído no último ano, o retorno em geral ainda permanece suficientemente favorável a ponto do muitos quererem ainda aumentar a produção. A lista dos 10 primeiros do Ranking Top 100 2024 contou com apenas uma mudança. Nilva Terezinha Randon, que no ano anterior figurou na 15ª posição, subiu 5 colocações e fecha a lista do Top 10 de 2024 na 10ª colocação. É interessante observar que entre as 10 primeiras colocações do ranking tem havido pouca ou quase nenhuma variação, tanto em relação aos produtores em específico, quanto as suas respectivas posições. Pode-se, por um lado, dizer que esse grupo possui produção madura e estável e, por outro lado, que existe uma ausência de novos grandes projetos na produção leiteira do País nos últimos tempos, ao menos dentre os 10 maiores.

No geral, a média de produção dos Top 10 cresceu aproximadamente 4,8%, saltando de 65.962,50 litros/dia em 2022, para 69.161,49 litros/dia em 2023. Embora já esteja mais do que claro a crescente e notável importância do olhar sustentável para todo e qualquer negócio, ainda existem dúvidas sobre as medidas sustentáveis na produção leiteira. A fim de compreender melhor o contexto desse tema junto aos grandes produtores, foi perguntado quais práticas de sustentabilidade aplicam em suas propriedades. Foi observado que todas as fazendas que compõem o Top 100 aplicam pelo menos uma prática sustentável, e 94 delas aplicam no mínimo 2 delas. A prática mais presente entre as propriedades Top 100 foi o armazenamento de dejetos em esterqueiras e utilização para adubação, presente em 87 fazendas. Em seguida, 79 apontaram fazer uso do plantio direto, enquanto 65 delas fazem utilização de fontes de energia alternativas e rotação de culturas. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.