28/Mar/2024

A JBS encerrou o quarto trimestre de 2023 com lucro líquido de R$ 82,6 milhões, 96,5% menor do que o lucro de R$ 2,35 bilhões verificado em igual período de 2022. A receita líquida ficou em R$ 96,34 bilhões, com alta anual de 3,7%. Já o Ebitda ajustado (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) foi de R$ 5,104 bilhões, alta de 11,6% ante o quarto trimestre de 2022, com margem de 5,3%. Por unidade de negócio, o Ebitda ajustado da JBS Beef reverteu o resultado positivo do quarto trimestre de 2022 e ficou negativo em R$ 488,5 milhões. O Ebitda ajustado da Seara caiu 4,8% (R$ 670,4 milhões) e o da JBS USA Pork, 4,3% (R$ 966,7 milhões). Mas houve altas nos Ebitdas de JBS Brasil, de 157,1% (R$ 874 milhões), da JBS Austrália, de 40,1% (R$ 883,9 milhões), e da Pilgrim's Pride, de 145,4% (R$ 2,19 bilhões). A Seara teve receita líquida 5,3% menor no trimestre ante igual período do ano anterior, de R$ 10,452 bilhões.

A JBS afirma que o recuo foi resultado de uma queda nos preços médios, sendo parcialmente compensada pelos maiores volumes vendidos. As vendas no mercado doméstico, que responderam por 52% da receita da unidade no trimestre, totalizaram R$ 5,5 bilhões, 6% menor que no igual período de 2022. A JBS Brasil registrou de outubro a dezembro de 2023 receita 4,4% maior na comparação anual, de R$ 14,9 bilhões. A empresa afirma que o crescimento é reflexo principalmente dos maiores volumes vendidos. No mercado doméstico, a receita na categoria de carne bovina in natura cresceu 12% no quarto trimestre. A dívida líquida da companhia somou R$ 74,058 bilhões, 6,5% menor ao reportado em igual trimestre de 2022, de R$ 79,171 bilhões. Em dólares, a dívida líquida aumentou 0,8%, de US$ 15,173 bilhões para US$ 15,297 bilhões. Já a alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda, ficou em 4,32 vezes em reais e 4,42 vezes em dólares no quarto trimestre, contra 2,29 vezes e 2,26 vezes, respectivamente, um ano antes.

A JBS informou que o fluxo de caixa das atividades operacionais foi de R$ 8,5 bilhões nas atividades operacionais. O fluxo de caixa livre, após adição de ativo imobilizado, juros pagos e recebidos, e arrendamento mercantil foi de R$ 4,3 bilhões A empresa informou também que, no quarto trimestre do ano passado, o valor total das atividades de investimentos foi de R$ 1,7 bilhões. A JBS teve prejuízo de R$ 1,061 bilhão no ano, tendo revertido o lucro de R$ 15,5 bilhões do ano anterior. A empresa informou que a receita líquida no ano de 2023 foi de R$ 363,8 bilhões, queda de 2,9% ante 2022. O Ebitda ajustado foi de R$ 17,1 bilhões, perda de 50,4%, com margem de 4,7% (queda de 4,5%). O CEO da JBS, Gilberto Tomazoni, destacou a diversificação geográfica e de proteínas como uma vantagem competitiva da empresa para 2024. "Quando olhamos para o panorama global, vemos desafios em certas regiões, mas também oportunidades em outras", afirmou.

Ele apontou o ciclo pecuário positivo no Brasil e na Austrália como contraponto às dificuldades enfrentadas nos Estados Unidos, onde a divisão de bovinos apresentou Ebitda ajustado negativo no quarto trimestre de 2023. A JBS iniciou o ano de 2024 melhor do que começou 2023, quando precisou enfrentar desafios envolvendo a oferta menor de bois nos Estados Unidos e a pressão nos custos de produção de frangos e suínos. No balanço do quarto trimestre, os resultados se normalizaram e as margens foram recuperadas, mesmo com a continuidade dos problemas nos Estados Unidos. O ano de 2023 começou com uma conjuntura de fatores que impactaram significativamente os negócios da JBS, resultando em um desempenho abaixo do potencial. Destaque para as melhorias operacionais implementadas ao longo do último ano, especialmente na Seara e nos negócios nos Estados Unidos, embora nem todos os efeitos já sejam sentidos.

As melhorias geralmente requerem tempo para serem plenamente realizadas, mas estão começando a se refletir nos resultados da empresa. Para exemplificar, foi citada a geração de caixa da JBS, que saltou de R$ 666 milhões no quarto trimestre de 2022 para R$ 4,334 bilhões no igual período de 2023. Outro ponto citado foi a recente queda dos preços dos grãos pagos pela companhia, resultado de safra positiva, com perspectivas favoráveis no Brasil e na Argentina. A melhor relação entre oferta e demanda permitirá à JBS atingir melhores resultados em 2024. O CFO da JBS, Guilherme Cavalcanti, afirmou que a empresa tem alcançado progressos significativos na redução do nível de alavancagem financeira, medida pela relação entre dívida líquida e Ebitda. De acordo com o resultado financeiro do quarto trimestre de 2023, a dívida líquida da empresa registrou queda de 7,9% em relação ao terceiro trimestre, para R$ 74,058 bilhões. Além disso, a alavancagem ao término do ano passado ficou em 4,32 vezes, redução em comparação com as 4,84 vezes registradas no fim de setembro.

A alavancagem começou a ser reduzida e continuará caindo. Não foram apresentados guidance, mas, se pegar projeções do mercado, estão projetando abaixo de 3,25 vezes ao fim deste ano, abaixo de 3 vezes em 2025 e abaixo de 2,5 vezes em 2026. Esse processo de redução da alavancagem é impulsionado por diversos fatores, incluindo a melhoria operacional prevista em todos os segmentos da empresa nos próximos anos. No entanto, a divisão dos Estados Unidos enfrenta desafios específicos, especialmente relacionados ao ciclo pecuário. Além disso, destaque para o papel fundamental desempenhado pela geração de caixa da companhia nessa trajetória de redução da alavancagem. Esses dois efeitos (a melhoria operacional e a geração de caixa) estão impulsionando a jornada para reduzir a alavancagem financeira da companhia.

A JBS afirmou que ajustes realizados na Seara após a identificação de falhas operacionais poderão ter seus efeitos percebidos na divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2024, com um desempenho melhor dessa unidade de negócios. É possível ter margens superiores a 2 dígitos no primeiro trimestre na Seara. A margem Ebitda da Seara no período de outubro de outubro a dezembro de 2023 foi de 6,4%, a mesma do quarto trimestre de 2022. Na comparação anual, houve queda do Ebitda ajustado, de 4,8%, para R$ 670 milhões, assim como da receita líquida, de 5,3%, para R$ 10,5 bilhões. A empresa tinha problemas de eficiência, que estão sendo ajustados, mas os resultados não vêm imediatamente por envolverem toda a cadeia produtiva. E além de prever melhoria nas margens, a Seara deverá contribuir para a redução de consumo de caixa no primeiro trimestre pela JBS. O mercado consumidor da proteína de aves e suínos está aquecido no Brasil.

O presidente da JBS USA, Wesley Batista Filho, reconheceu que o resultado da divisão de bovinos da companhia nos Estados Unidos, a JBS North America, ficou abaixo do desejado no quarto trimestre de 2023, independentemente do cenário desafiador do país, com oferta restrita de bois para abate e preços elevados pelo gado. Estão sendo feitas melhorias, trabalhando principalmente aspectos comerciais. A JBS North America teve Ebitda ajustado negativo em R$ 488,5 milhões. O seu lucro bruto caiu 70,3% ante o quarto trimestre de 2022, para R$ 756,1 milhões. O desempenho provocou impacto no balanço da JBS, pois a unidade represente cerca de 32% da receita líquida da companhia. Com os desafios impostos pelo atual ciclo pecuário nos Estados Unidos, a JBS tem observado uma procura pelo consumidor por cortes de menor valor agregado. A demanda está maior por carne moída ou cortes de custo menor. Isso não é necessariamente ruim, a depender do balanço entre os cortes. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.