20/Mar/2024
A Tirolez, empresa familiar fundada há 43 anos, vive uma nova fase. Prestes a inaugurar uma fábrica em Caxambu do Sul, em Santa Catarina, onde investiu R$ 150 milhões, a companhia de lácteos também passa por um processo de profissionalização da gestão. Em sua primeira entrevista como CEO da Tirolez, Marcel de Barros diz esperar que sua experiência de mais de 20 anos no setor de lácteos contribua para a continuidade do crescimento da empresa. E uma das tarefas do executivo, que atuou por 24 anos na suíça Nestlé, no Brasil e em outros países da América Latina, é reforçar a governança da Tirolez. Com a chegada do CEO em janeiro, os irmãos fundadores Cícero e Carlos Hegg passaram ao conselho consultivo da empresa de queijos, requeijão e cremes de queijos, e estão mais voltados à estratégia. O nível de governança, de estrutura já estava bastante estabelecido.
A ideia agora é continuar evoluindo nos processos de governança para que haja sustentabilidade maior no crescimento da companhia. O CEO também vai focar os processos da Tirolez, que é uma empresa inovadora e ágil. De outro lado, ele traz a experiência de uma multinacional, toda parte processual, tudo isso bastante desenvolvido. A combinação é bastante positiva. Embora o tema governança sempre remeta ao movimento para uma eventual abertura de capital, essa não é uma opção no momento para a empresa, cujo faturamento já passou R$ 1 bilhão. No momento, será trabalhada a parte estratégica, desenvolver o plano estratégico para os próximos três anos. Dentro dessa revisão, estão sendo avaliadas várias opções. No momento, não há essa opção de abertura de capital, mas é algo que pode ser revisto no plano estratégico.
Nessa nova fase, o crescimento orgânico deve seguir como prioridade da empresa, porém eventuais oportunidades de M&A serão avaliadas, se for algo que possa acelerar a execução da estratégia. Agora, o foco da Tirolez está na nova fábrica de Caxambu do Sul (SC), que será inaugurada nesta quarta-feira (20/03) e deve ser um dos pilares para o avanço da empresa, gerando um incremento de até 20% na receita em três anos. A unidade é uma nova plataforma de crescimento da companhia, e vai permitir o fortalecimento da posição da Tirolez na Região Sul do País, além de atender todas as regiões brasileiras. Com capacidade de produção de 5 mil toneladas de muçarela por mês, a indústria tem tecnologias bastante avançadas em termos de produção de queijo, o que deve aumentar a competitividade no mercado e vai sustentar parte do crescimento da empresa. A previsão é que a unidade opere a plena capacidade em 2025.
A infraestrutura da planta está pronta para receber novas linhas de produção após a primeira fase que demandou R$ 150 milhões. No horizonte de dois a três anos, será possível duplicar esse investimento, chegando a R$ 300 milhões, se a demanda se confirmar. Mas, a infraestrutura já está preparada para isso. A nova planta começou a ser construída há dois anos e meio na mesma área de uma fábrica com menor capacidade, adquirida em 2010 pela Tirolez. O projeto foi muito bem desenhado para esta primeira fase, mas também bem desenhado para suportar expansão e crescimento. Afora Caxambu do Sul, a Tirolez também investiu, nos últimos anos, em unidade de produção de brie e camembert em Tiros (MG) e na modernização da fábrica de gorgonzola e queijo azul, na mesma cidade. Na planta de Lins (SP), fez ampliações e automações na linha de requeijão. No total, foram aplicados R$ 300 milhões em cinco anos. É uma sequência de investimentos para poder suportar o crescimento da empresa.
Em um mercado em que a demanda apresenta forte elasticidade, relacionada à evolução macroeconômica, a estratégia da Tirolez é investir antes de a demanda chegar. Há um grande potencial para consumo de lácteos no País e os volumes da empresa têm registrado crescimento de “duplo dígito” neste início de ano. Mantendo-se a tendência positiva macroeconômica, a demanda por lácteos vai vir. Por isso, a empresa está investindo antes de essa demanda chegar. O crescimento acima de 10% está relacionado a uma melhora na execução comercial e à competitividade dos produtos, pois a empresa vem ganhando mercado. Um dos maiores desafios do setor é a alta volatilidade do preço do leite, que acaba gerando volatilidade de preço ao consumidor e instabilidade na cadeia produtiva. Isso não ajuda o consumo nem o desenvolvimento da indústria. Ao mesmo tempo, o setor é resiliente e segue crescendo. São questões momentâneas, mas a Tirolez trabalha com uma visão de longo prazo. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.