18/Mar/2024
A produção de alimentos exerce um impacto considerável nos recursos naturais, resultando na geração de resíduos que requerem cuidados específicos e uma destinação adequada. A conscientização sobre a origem e a magnitude desses resíduos é fundamental, não apenas em termos de responsabilidade social, mas também em resposta às pressões tanto governamentais quanto de mercado. No setor lácteo, é fundamental que as empresas compreendam o valor das práticas sustentáveis. Além de fortalecerem sua posição no mercado, essas abordagens são importantes para aumentar a competitividade e as oportunidades de certificação. A minimização de resíduos, a adoção de práticas sustentáveis e a conformidade legal representam grandes desafios ambientais na indústria de laticínios. Os resíduos sólidos provenientes da indústria de laticínios englobam principalmente aqueles gerados nos escritórios, no processo produtivo, instalações sanitárias e refeitórios da empresa.
Notavelmente, o setor administrativo destaca-se pelo consumo significativo de papel, resultando em uma considerável produção de resíduos recicláveis. Por outro lado, os rejeitos, conforme definidos pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, (2010), compreendem os resíduos não recicláveis, principalmente constituídos por materiais provenientes de banheiros (como papel higiênico, absorventes) e outros resíduos de limpeza/produtos químicos. A Associação brasileira de normas técnicas (ABNT) categorizou os resíduos sólidos considerando os potenciais riscos ao meio ambiente e à saúde pública. Esta classificação distingue entre resíduos perigosos e não perigosos, sendo estes últimos subdivididos em inertes e não inertes. O processo de classificação envolve a identificação da atividade ou procedimento que originou o resíduo, seus constituintes e características. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) estabelece o código de cores padrão correspondente a cada tipo de resíduo.
No contexto da indústria de laticínios, é importante ressaltar a importância da segregação adequada dos resíduos. Essa prática facilita o gerenciamento eficiente dos resíduos. A classificação dos resíduos possibilita a implementação de estratégias de redução, como a modificação de produtos ou processos, a destinação apropriada de resíduos sólidos, a reutilização de resíduos como insumos, a reciclagem de materiais selecionados e a realização da disposição adequada dos rejeitos. Gerir esses resíduos não apenas reduz o impacto ambiental, mas também otimiza os custos fixos e variáveis da empresa. A falta de conscientização, treinamento insuficiente e escolhas inadequadas de equipamentos podem contribuir para o excesso de resíduos. Identificar esses gargalos e desenvolver soluções inovadoras é essencial. A prática da reciclagem exerce um impacto direto no meio ambiente, reintegrando à cadeia produtiva itens que possuem potencial de reaproveitamento e que, de outra forma, seriam descartados.
Esse processo confere uma nova utilidade aos resíduos, prevenindo o desperdício, mitigando os impactos ambientais e contribuindo para a preservação da saúde. Ao optar pela reciclagem, os materiais descartados nas lixeiras podem ser reutilizados para criar o mesmo produto ou serem transformados em algo útil para diferentes propósitos. Além disso, no âmbito social, a reciclagem desempenha um papel importante ao sustentar a subsistência de milhões de catadores. Esses trabalhadores dependem da venda desses itens recicláveis para assegurar não apenas a própria sobrevivência, mas também a de suas famílias. A manutenção do equilíbrio ambiental é fundamental para preservar a saúde tanto do ambiente quanto da população. Nesse contexto, a adoção dos "5 Rs" concebidos através dos princípios de Reduzir, Recusar, Reciclar, Repensar e Reutilizar, configura-se como um instrumento para atingir os objetivos estabelecidos na Educação Ambiental. 5Rs da reciclagem:
- Repensar: diminuir a produção de resíduos, consumindo de maneira mais consciente e evitando o excesso.
- Reutilizar: utilizar produtos e embalagens mais de uma vez, prolongando sua vida útil.
- Reciclar: encaminhar materiais descartados para processos de reciclagem, transformando-os em novos produtos.
- Reduzir: minimizar a geração de resíduos e promover o uso eficiente de recursos.
- Recusar: evitar produtos descartáveis e prejudiciais ao meio ambiente.
Os 5 Rs do meio ambiente, quando aplicados ao contexto de laticínios, destacam a importância de reduzir o desperdício na produção, reutilizar embalagens sempre que possível, reciclar materiais de embalagem específicos para laticínios, recuperar energia de resíduos do processo de produção e rejeitar práticas ambientalmente prejudiciais, promovendo assim uma abordagem mais sustentável. Para diminuir a geração de resíduos sólidos, é essencial compreender o processo produtivo da empresa e analisar cada fase. Durante esse procedimento, é fundamental considerar diversos aspectos ambientais da empresa. As indústrias de laticínios devem encaminhar os resíduos gerados, quando possível, para reuso, reutilização ou reciclagem observando o tipo de resíduo e devem utilizar estratégias para minimização de resíduos na fabricação de produtos lácteos.
Os resíduos só podem ser recolhidos e transportados por empresas licenciadas pelos órgãos ambientais, as quais estão autorizadas a receber e destinar adequadamente esses resíduos conforme as leis vigentes. A gestão de resíduos sólidos é um dos aspectos importantes para a sustentabilidade ambiental da empresa. Contudo, sabe-se que o setor enfrenta desafios significativos nesse sentido, como a falta de infraestrutura adequada, tecnologias desatualizadas, falta de recursos financeiros e a necessidade de conscientização e treinamento. Superar esses desafios requer um esforço conjunto da indústria, governos e comunidades, visando implementar práticas sustentáveis e inovadoras para lidar com os resíduos sólidos de forma eficiente e responsável. Fonte: MilkPoint. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.