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04/Mar/2024

Leite: grandes fazendas leiteiras e bem-estar animal

Uma pesquisa com dados de 3.085 fazendas leiteiras alemãs contendo 376.415 vacas conclui que as fazendas leiteiras maiores não estão associadas a um pior bem-estar animal, como tem sido por vezes criticado no debate público. O principal objetivo do estudo foi investigar a relação entre o bem-estar animal e o tamanho do rebanho em fazendas leiteiras na Alemanha. A amostra analisada representou a grande diversidade de tipos de fazendas leiteiras do país, quarto maior produtor de leite do mundo, abrangendo assim uma ampla gama de tamanhos: de 7 a 2.900 vacas, com tamanho médio de 122 vacas. Das fazendas analisada, 98% eram convencionais e 2% ecológicas.

Do total, 93% eram especializados na produção leiteira. Da mesma forma, o tamanho médio das fazendas era de 141 hectares, dos quais 73% eram pastagens, com 55% das fazendas com vacas a pasto. Como parte de um projeto mais amplo sobre a sustentabilidade das fazendas leiteiras, foi desenvolvido um Índice de Bem-estar Animal (IAW) em estreita colaboração com especialistas de toda a cadeia de valor do setor leiteiro, desde cientistas especializados no bem-estar dos animais de produção, até agricultores e profissionais do setor lácteo. Este índice analisa as instalações, alimentação, saúde, comportamento, fome e sede, desconforto e dor, possíveis lesões ou doenças, liberdade de movimento, acesso a estímulos climáticos externos, tipo de baia e piso, áreas de descanso e bebedouros, entre outros aspectos.

Os resultados mostraram que as propriedades maiores obtiveram melhor Índice de Bem-Estar Animal do que as menores. E, embora o efeito do tamanho tenha sido pequeno, o resultado contrasta com a crença generalizada de que fazendas maiores oferecem pior bem-estar animal. Em todos os tipos de rebanho foi encontrada uma grande variabilidade no índice de bem-estar animal entre eles, portanto o tamanho do rebanho não é o único fator que afeta os níveis de bem-estar animal nas fazendas. O conhecimento, manejo do agricultor e a quantidade de tempo dedicado às vacas também influenciam positivamente o bem-estar animal.

Mesmo que, em média, as fazendas com free stall tenham alcançado um índice de bem-estar animal superior ao das fazendas com alojamento fixo, a variabilidade nos valores do índice de bem-estar animal mostrou que tanto valores altos como baixos desse índice podem ser alcançados, independentemente do sistema de criação. Isto se explica porque certos indicadores, como o espaço de descanso por vaca, são independentes do sistema de alojamento e podem substituir outros fatores. Além disso, o estudo detectou uma grande variação no índice de bem-estar animal entre rebanhos de todas as classes de tamanho, com maiores diferenças dentro das mesmas regiões geográficas do que entre elas, e a variação também foi evidente em rebanhos do mesmo tamanho.

Estes resultados reforçam a evidência de que o tamanho do rebanho tem pouco efeito nos níveis de bem-estar animal específicos da fazenda e que o bem-estar animal pode ser melhorado tanto nas pequenas como nas médias produções leiteiras. Portanto, os debates públicos e as decisões políticas sobre o bem-estar animal devem considerar as restrições impostas politicamente ao tamanho dos rebanhos como merecendo menos atenção e, em vez disso, colocar mais ênfase na implementação de medidas de bem-estar animal em todas as produções. Fonte: Todo Lecheria. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.