26/Feb/2024
De acordo com levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (FenSeg), a forte queda do preço do boi gordo provocou um súbito aumento das indenizações do seguro pecuário em 2023. O valor pago aos criadores chegou a R$ 164,5 milhões, uma alta de mais de 13 vezes em relação ao ressarcido no ano anterior e quase 7 vezes superior ao total indenizado entre 2020 e 2022. O levantamento indica que a maior parte das indenizações (R$ 150,1 milhões, ou 91,2% do total) foi paga entre os meses de julho e novembro. Só o mês de setembro respondeu por um terço do total do ano, com R$ 55 milhões restituídos. O seguro pecuário, além de indenizar o produtor em caso de morte de animais, também pode ser acionado quando os preços ao produtor cruzam um limite mínimo acertado junto à seguradora. Isso mitiga o risco em momentos de grande volatilidade, quase como uma operação de hedge. A diferença é que o seguro pecuário depende de o produtor ter animais vivos aos quais possa atrelar a apólice.
Segundo a FenSeg, o pagamento é condicionado ao preço de mercado no vencimento da apólice, o que significa que o pecuarista pode ser indenizado e, ainda assim, segurar o gado no pasto para tentar vender quando os preços subirem. Há, ainda, uma opção de seguro para as pastagens, que abrange períodos em que geralmente chove. Se a estiagem atinge o pasto, ameaçando a produtividade do rebanho, o produtor também é indenizado. Mas, mesmo com essas opções, que já existem há anos, o seguro pecuário é ainda menos popular do que o agrícola. No ano passado, as seguradoras pagaram R$ 2,5 bilhões em indenizações aos agricultores, uma redução de 72% no comparativo anual. É preciso conscientizar o pecuarista, porque ninguém esperava que o preço fosse cair tanto. O produtor não é dono do preço. E cabe às seguradoras também explicarem melhor seus produtos e inovarem nas proteções para essas outras cadeias. O governo federal também deveria tomar medidas para fomentar o seguro rural no País.
De um lado, ainda falta subvenção para estimular os produtores rurais a aderirem; do outro, é preciso criar um fundo de catástrofe para reduzir o impacto nas seguradoras e resseguradores em anos com grandes perdas. Nas últimas safras sob influência do La Niña, especialmente a de 2021/2022, muitas seguradoras tiveram que desembolsar até 700% a mais do que captaram em prêmios por conta de perdas nos estados do Rio Grande do Sul, Paraná e Mato Grosso do Sul, que também concentram a adesão ao seguro rural. Isso fez as seguradoras revisarem seus produtos ou saírem de determinadas regiões e culturas. A FenSeg propõe um fundo formado por recursos obrigatórios da União e das seguradoras que operam o seguro rural, além de contribuições facultativas das resseguradoras e do setor privado, com um limite global de R$ 4,5 bilhões. É algo que já existe em outros países como Estados Unidos, Espanha e Índia. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.