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06/Feb/2024

Boi: as perspectivas para o mercado em fevereiro

O mercado do boi gordo esteve calmo em janeiro. O quadro foi de vendedores retraídos e de compradores pouco ativos. Os preços praticamente não andaram em São Paulo até a última semana de janeiro, apesar da pressão exercida pela ponta compradora. Com uma demanda por carne bovina mais fraca e com a retomada dos vendedores aos negócios, os preços cederam no fechamento do mês. No mercado físico do boi gordo em São Paulo, a cotação de todas as categorias caiu em janeiro, com exceção do "boi China". O boi comum encerrou o mês negociado em R$ 240,00 por arroba, a vaca gorda em R$ 212,00 por arroba e a novilha gorda em R$ 230,00 por arroba, preços brutos e a prazo. Com esse movimento, o ágio entre o "boi China" e o boi comum terminou em R$ 10,00 por arroba, quadro que não ocorria desde outubro/2023. A exportação está aquecida e colaborou com esse cenário. A exportação começa 2024 com bom desempenho e boas perspectivas no radar.

Os embarques de carne bovina in natura nos últimos meses de 2023 foram bons, acima da média. Em dezembro a exportação foi recorde considerando um único mês e, no ano, foram exportados 2,0 milhões de toneladas, 0,7% mais que em 2022, recorde. A virada do ano não alterou esse ritmo. Até a quarta semana de janeiro foram exportadas 168 mil toneladas de carne bovina in natura, recorde para os meses de janeiro. A cotação da carne exportada, porém, caiu e terminou 2023 em US$ 4,73 mil por tonelada e em janeiro o preço não mudou. A demanda externa por carnes deverá continuar firme em 2024, com o Brasil aumentando a participação no mercado internacional. Nos Estados Unidos, o rebanho bovino é o menor dos últimos 73 anos (USDA) e o preço da carne por lá deve seguir firme. No início de janeiro o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) atualizou as projeções para a produção e comércio de carnes bovina, suína e de frango.

Olharemos aqui apenas para a carne bovina. Segundo o USDA, a exportação global de carne bovina deverá aumentar 1,3%, passando de 11,9 milhões de toneladas equivalente carcaça (TEC) para 12,1 milhões. Na composição das 154 mil TEC de aumento entre 2023 e 2024, o Brasil deve participar com um incremento de 77 mil TEC (+2,7%), atrás apenas da Austrália, cujo incremento está estimado em 115 mil TEC (+7,3%). Os Estados Unidos devem reduzir em 7,6% a exportação de carne bovina, o que equivale a 104 mil TEC a menos, segunda queda consecutiva em volume. Paralelamente, as importações devem aumentar 1,7% em 2024, após um salto estimado em 9,4% em 2023. Historicamente, o abate de bovinos é sazonalmente menor em fevereiro. E o preço? Historicamente, em termos nominais, é maior. O comportamento da cotação do boi gordo em fevereiro, considerando São Paulo, é, na maior parte dos anos, de alta frente a janeiro. Nos anos de retração, como aconteceu em 2012, 2017 e 2018, o comportamento baixista foi comedido.

Ou seja, se a história se repetir, não deveremos ter fortes movimentações em fevereiro em relação aos preços vigentes no começo de 2024. Mas o que explica esse movimento? Em fevereiro há, sazonalmente, maior capacidade de suporte das pastagens no Brasil Central, com a safra de capim, desconsiderando os efeitos do clima no ano-safra. Isso permite maior poder de barganha dos pecuaristas Brasil afora, permitindo que a oferta seja cadenciada. Há a expectativa de que, em fevereiro, mais plantas sejam habilitadas para exportarem à China. Se isso se confirmar, deveremos ver um mercado sustentado, com o produtor, cujas pastagens permitirem, retendo a oferta em um momento com acréscimo de compradores dispostos a adquirir boiadas jovens. Com a exportação aquecida neste início de ano, perspectiva de maior participação brasileira no mercado internacional e uma oferta cadenciada, o quadro, em fevereiro, poderá ser favorável à cotação da arroba do boi. É esperar, para ver. Fonte: Alcides Torres. Broadcast Agro.