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31/Jan/2024

Biotech chilena PhageLab planeja investir no Brasil

Apaixonado por ciência desde criança, o engenheiro de biotecnologia chileno Hans Pieringer descobriu na faculdade os bacteriófagos (vírus capazes de eliminar bactérias multirresistentes) e começou a estudar a aplicação desses microrganismos em produtos. Na semana passada, a PhageLab, biotech fundada por ele junto com amigos, anunciou a captação de US$ 11 milhões em uma rodada de investimentos. Participaram do aporte a empresa de cosméticos Nazca, as firmas de capital de risco Collaborative Fund e Water Lemon Ventures e o investidor individual Kevin Efrusy, conhecido por ter sido um dos primeiros a investir no Facebook. A pecuária brasileira é o principal alvo da expansão da empresa. Parte dos recursos irá para a construção de um laboratório no País, em alguma cidade do Paraná, e para expansão da equipe, que sairá de 7 para 27.

A empresa quer colaborar para reduzir as perdas econômicas causadas pela mortalidade de animais e por doenças que impedem a comercialização dos produtos. Enquanto as moléculas usadas em químicos são estudadas por anos, o desenvolvimento de produtos da PhageLab pode acontecer em 45 dias. A velocidade de entrega é fruto de uma extensa coleta de dados, que alimentaram um algoritmo capaz de estabelecer combinações úteis para resolver os problemas dos pecuaristas. A empresa desenvolveu um produto para o combate de disenteria em bezerros, que é comercializado pela MSD Saúde Animal. Também tem no portfólio soluções para combater a salmonella e a Escherichia coli patogênica aviária, problemas sérios em granjas de aves. A brasileira Sabrina Torgan, diretora financeira da PhageLab, será uma das principais responsáveis por estreitar os laços com a indústria, que foi quem ajudou a startup a ter acesso a dados brasileiros.

O País é um dos maiores produtores de carne de frango e suínos, então o potencial é gigantesco. Enquanto a empresa chilena avança, as startups brasileiras de biotecnologia voltadas ao agronegócio ainda recebem pouca atenção e investimento em comparação com as tecnologias digitais, avalia o hub Cocriagro, de Londrina (PR). É preciso lembrar que a revolução verde que trouxe o agronegócio até onde chegou foi pautada por novos conhecimentos em biologia e química. O Brasil tem startups com produtos que ajudam a recuperar o solo e a aumentar a resistência de plantas a intempéries e doenças. É uma tecnologia extraordinária, mas que, muitas vezes, acaba esquecida. O relatório Radar Agtech 2023 identificou 45 startups atuando com controle biológico ou manejo integrado de pragas no País. Um ano antes havia 36.

Essas agtechs fazem parte do grupo formado por 815 empresas que fornecem soluções para a atividade “dentro da porteira”. Esse segmento ainda é dominado por softwares de gestão de propriedade (170), plataformas integradoras de dados e soluções (146) e drones, máquinas e implementos agrícolas (98). Há biotechs trabalhando com produtos biológicos para regiões e públicos diferentes, mas os investidores priorizam soluções que possam ser escaladas nacionalmente, como é o caso de softwares de gestão. O mercado de capitais ainda não entendeu como essas empresas podem vender essas tecnologias e ganhar dinheiro. O ponto é que investir requer paciência: o capex para construção de laboratórios, fábrica de envase e compra de embalagens é mais alto do que para soluções digitais e leva mais tempo para dar retorno.

No entanto, a demanda por insumos biológicos no campo só cresce. Uma tendência, avalia o Cocriagro, é que as grandes corporações, cooperativas e revendas de insumos se aproximem cada vez mais dessas startups para desenvolver produtos em conjunto ou mesmo para comprá-las. Esses itens sairiam com marcas que o produtor rural já conhece bem. A WBGI, especializada em auxiliar startups jovens a organizarem sua gestão, afirma que boa parte do que o produtor conhece como controle biológico envolve apenas tecnologias de primeira e segunda geração. As próximas gerações de biotecnologia, como o uso de RNA de interferência, capaz de manipular genes específicos em plantas, podem ter um impacto ainda maior no campo. São tecnologias com uma vantagem competitiva e validade maiores. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.