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26/Jan/2024

Carnes: margem da indústria deve recuar em 2024

Indústrias de proteína animal no Brasil devem se preparar para um ano de margens pressionadas, em função da projeção de safra 2023/2024 menor de milho, o principal insumo da atividade. No Centro-Norte, há expectativa de atraso no plantio do grão de 2ª safra, o que pode reduzir a janela agroclimática ideal para a semeadura e interferir na produtividade mais à frente. Na Região Sul, que colhe apenas a safra de verão (1ª safra), os preços costumam ser mais altos devido ao maior custo de produção, mesmo com uma safra de 5,4 milhões de toneladas, ante 3,7 milhões de toneladas colhidas em 2022/2023, conforme a Federação de Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul). Ainda que o Rio Grande do Sul colha uma boa safra, principalmente se comparada às dos dois anos anteriores, tal volume não deve suprir a demanda da indústria de proteína animal local, com um déficit entre 1,5 milhão e 2 milhões de toneladas.

Mas, enquanto o milho da 2ª safra de 2024 do Centro-Oeste não chegar para completar as necessidades das criações de suínos e aves no Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, o cereal local deve se manter competitivo por mais tempo. Em anos de safra normal, a queda de preços é natural com a entrada da 2ª safra da Região Centro-Oeste. Entretanto, com a perspectiva de colheita menor, ainda não se sabe como o mercado vai reagir. Outro fator que deve pressionar as margens das agroindústrias é a expectativa de crescimento da produção de proteína animal para manter o ritmo acelerado das exportações este ano e, consequentemente, uma maior demanda pelo milho. Sob este aspecto, o Itaú BBA avalia que o aperto nas margens decorrente de possíveis altas no preço do grão vai depender muito do estoque de cada agroindústria. Quem tiver milho estocado mais barato, adquirido no ano passado, vai ter mais fôlego.

Há uma defasagem de cerca de três meses até o impacto das oscilações do preço do milho chegar às indústrias, mas, quando chegar, será para cima. A tendência de queda no preço do farelo de soja, outro insumo fundamental em suínos e aves, ajudará a minimizar o efeito da menor oferta de milho, equilibrando os custos de produção. A pressão do farelo está no sentido contrário, o que mitiga parte do impacto nos custos. As agroindústrias poderão driblar eventuais restrições de oferta de milho com o grão da Argentina, sobretudo na Região Sul, onde se concentra a produção de suínos e frangos. Assim, as agroindústrias exportadoras de proteína animal devem conseguir se proteger. O se vê é uma combinação de custos subindo, com preços estáveis da proteína animal. Mas, sem afetar a produção e exportação, que devem crescer em 2024.

A Farsul reafirma que deve haver aumento da demanda por milho em função da alta de exportações de carnes associada à retomada da economia da China, o principal comprador da proteína animal brasileira. Crescendo a demanda por proteína animal, cresce a demanda por ração e consequentemente a demanda interna de grãos. No entanto, definir se o milho para ração virá do Rio Grande do Sul ou da produção da 2ª safra de 2024 depende de como será a colheita da soja, destaca a StoneX. Em algumas regiões, esse ciclo da soja está sendo antecipado, o que pode favorecer a área da 2ª safra de 2024 com um plantio mais cedo do que se esperava. Ainda assim, as condições da oleaginosa em cada Estado têm variado muito. Também é difícil antecipar os preços do milho no momento em que entra a 2ª safra, já que produtores têm optado cada vez menos pela negociação antecipada. Mesmo assim, a expectativa é de que as diferenças de preços entre um Estado e outro sejam balizadas pelos custos com fretes e logísticos.

É tudo bastante incerto ainda, depende de como realmente as colheitas virão e qual realmente vai ser o volume trazido. Tal incerteza também atinge produtores de frangos e suínos, preocupados em ter acesso a insumos fundamentais para ração e já lidando com custos pressionados. Mas, segundo a Associação Brasileira de Criadores de Suínos (ABCS), ainda é cedo para projetar dificuldades adicionais. O clima será o fator preponderante nessa equação. O clima pode trazer uma influência grande sobre o milho 2ª safra de 2024, mas é algo ainda para ser observado. Sem uma seca muito forte e com tudo correndo bem no ciclo da soja, não deverá haver grandes impactos. No momento, a alta de medicamentos e vacinas é um problema que, inclusive, nos preocupa mais do que o custo com as rações. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.