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11/Jan/2024

Carnes: acionistas pressionam Tyson Foods por ESG

Dois grupos distintos de investidores ativistas da Tyson Foods estão propondo que os demais acionistas da companhia de carnes norte-americana façam a direção assumir novos compromissos ambientais, sociais e de governança (ESG), para além das metas de descarbonização da empresa e da cadeia de suprimentos. As propostas serão votadas na assembleia de acionistas no dia 8 de fevereiro. Uma das iniciativas partiu das organizações católicas e acionistas CommonSpirit Health e Mercy Investment Services, que querem que a direção da companhia alinhe suas políticas internas de sustentabilidade, como sua meta de se tornar neutra em emissões (net zero) em 2050, à sua atuação política institucional através das organizações que participa. A Tyson integra organizações que atuam publicamente contra políticas de descarbonização.

Um caso é a US Chambers of Commerce, que foi uma das principais vozes contra o Inflation Reduction Act, política do governo Joe Biden para estimular a transição energética. A câmara também se opõe à iniciativa da SEC (a CVM norte-americana), para padronizar a divulgação de informações climáticas das companhias listadas. Outra organização empresarial da qual a Tyson faz parte é a National Association of Manufacturers (NAM), que também se opôs ao Inflation Reductin Act e ainda defendeu a flexibilização de regulações a respeito das emissões de metano, gás mais presente na pecuária. A CommonSpirit Health e a Mercy Investment Services querem que a Tyson divulgue relatórios a respeito das organizações de que faz parte e quais iniciativas elas defendem junto ao poder público.

Segundo os acionistas, as divulgações atuais não atendem a demanda para entender como as atividades diretas e indiretas de lobby da companhia se alinham com suas metas climáticas de net-zero e o que a companhia faz, se faz algo, quando suas atividades de lobby não apoiam essas metas. A iniciativa vem em meio a uma nova onda de críticas de organizações civis e de alguns investidores que avaliam que as metas de redução de emissões anunciadas pelas grandes corporações nos últimos anos podem ser apenas “greenwashing”, já que as mesmas empresas seguem trabalhando contra regulações e políticas de descarbonização nos bastidores. Outro grupo de investidores ativistas, também ligados a denominações religiosas, quer que a Tyson estabeleça um compromisso para eliminar o trabalho infantil em sua cadeia de suprimentos.

A proposta, apresentada por sete organizações lideradas pela sociedade missionária American Baptist Home Mission Society (ABHMS), é que a empresa avalie suas políticas e práticas e proponha ações, com divulgações regulares, para combater a prática em suas operações próprias e entre seus fornecedores. Em 2023, o Departamento do Trabalho dos Estados Unidos identificou sete casos de trabalho infantil ilegal em unidades da Tyson nos estados de Arkansas e Tennessee realizando tarefas perigosas, e uma apuração à parte do órgão também está investigando a presença de crianças imigrantes na limpeza dos abatedouros. Diante das denúncias, as organizações religiosas querem que a Tyson examine profundamente seu modelo de negócios e faça as mudanças necessárias. Segundo esses investidores, os casos apresentam riscos reputacionais e financeiros para a empresa. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.