09/Jan/2024

Estruturada em cinco anos com a compra de quatro empresas, a UltraCheese, plataforma de lácteos controlada pelo fundo de investimentos Aqua Capital, está investindo R$ 80 milhões (entre aportes realizados em 2023 e previstos para 2024) em centros de distribuição para expandir o alcance de suas marcas. A estratégia é uma parte importante do plano da empresa para repetir o crescimento de 20% do ano passado, quando ultrapassou R$ 1 bilhão em receita. Cada centavo adicional virá de maneira orgânica, com aumento do volume de leite captado (entre 10% e 15%) e uma aposta ainda maior em produtos de valor agregado. No ano passado, a empresa captou 145 milhões de litros de leite, volume que a coloca entre as 15 maiores do setor, mostram dados de 2022 compilados pela Associação Brasileira de Produtores de Leite (Abraleite).

A companhia deve expandir seus negócios nas brechas deixadas por laticínios menores, que ficaram pelo caminho em 2023, quando o setor enfrentou uma dura crise devido à competição com lácteos importados. Parte dos produtores que fornecia a essas empresas pode se juntar ao quadro da UltraCheese. A empresa começou em 2018 com R$ 200 milhões em faturamento. O setor teve um ano bom e quatro ruins, e mesmo assim a empresa cresceu ano a ano. O setor lácteo ainda tem muitas oportunidades. A tendência é que o número de produtores de leite no País caia nos próximos anos e a indústria terá que fomentar um aumento de produtividade nas fazendas restantes. O segmento é pouco profissionalizado e todos sofrem com isso. Um número considerável de pecuaristas ainda peca no básico do manejo do rebanho e tem pouco, ou nenhum, controle sobre as finanças.

A principal estratégia da UltraCheese para garantir a oferta futura é o Projeto de Originação, que oferece tecnologia e assistência técnica para melhorar os indicadores das fazendas. Atualmente, 610 propriedades fornecem leite para as marcas da companhia e são monitoradas pelo programa. Nelas, a produtividade média diária é de cerca de 20 litros por vaca, mais que o triplo do rendimento médio no País, ao redor de 6 litros por vaca. Todo produtor que fornece à empresa recebe a visita de um técnico que avalia o rebanho e o manejo empregado, sugerindo melhorias e adequações. O foco é garantir que o leite recebido será de qualidade. No caso da UltraCheese, além da parte sanitária e de ESG (boas práticas ambientais, sociais e de governança), o que importa é a quantidade de sólidos, que permitem produzir um volume maior de lácteos por litro de leite.

Segundo a UltraCheese, o problema mais comum nas fazendas é a seleção do rebanho. Muitas vezes, o produtor tem apego sentimental e o produtor segura vacas que deveriam ser descartadas. Os médicos veterinários da UltraCheese fazem o acompanhamento e orientam sobre o descarte ou secagem dessas vacas. Mesmo dentro do programa, há diferentes níveis de adoção dessas tecnologias. Uma prova é que algumas fazendas têm produtividade média acima de 40 litros por vaca, o que é plenamente possível de ser alcançado nas demais. A diferença é acreditar nesse sistema. Do lado de dentro da companhia, a estratégia é investir em centros de distribuição para permitir que as marcas cheguem a novos mercados no País.

A Ultracheese dobrou o tamanho da estrutura em São Paulo recentemente e planeja fazer o mesmo com a unidade em Gaspar (SC). Além disso, espera inaugurar centros na Região Nordeste, interior de São Paulo e Goiânia (GO) nos próximos meses. A empresa está melhorando sua geografia para estar mais próxima dos consumidores. Será um ano bastante intenso. Não há nenhuma aquisição no radar. Mas, existe capacidade de processamento para faturar R$ 2 bilhões. No portfólio, a empresa tem queijos, manteigas e cremes de queijo para o dia a dia, além de queijos finos e derivados premium de leite de búfala. O Aqua Capital também é investidor na SoluBio e na Biotrop, ambas de bioinsumos, e na AgroGalaxy, varejista de insumos, entre outras. Fonte: Globo Rural. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.