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26/Jul/2019

Frango: Brasil não é mais prioridade para árabes

Segundo avaliação de Ali Saifi, diretor-executivo da Cdial Halal, uma das maiores certificadoras Halal (produto que pode ser consumido de acordo com a lei islâmica) do mundo. O Brasil não é mais prioridade para países árabes, inclusive a Arábia Saudita, pois a relação entre as partes piorou nos últimos tempos em decorrência de mensagens negativas transmitidas pelo governo brasileiro. Ele afirmou que o Brasil não tem mais a relação que teve no passado com países árabes, como a Arábia Saudita, que ele considera líder na região, mas que ainda há tempo de recuperar mercado. A Arábia Saudita já reduziu as importações do Brasil. Oficialmente, o corte foi parte de uma política mais ampla para substituir importações, já que o país importa uma parte muito grande do que consome. Além disso, a Carne Fraca (operação da Polícia Federal) deu o motivo que eles precisavam para reduzir.

Entre os problemas que teriam deteriorado as relações, é destaque o anúncio de mudança da embaixada brasileira em Israel, de Tel-Aviv para Jerusalém e o que ele considera como exportações excessivas para a Arábia Saudita no passado. O Brasil não deveria ter exportado tanto produto para lá. Quando a Arábia Saudita começou a ter suas próprias empresas, o Brasil tinha de ter construído uma agenda positiva, e não colocar 600 mil toneladas de carne lá. O que o executivo sugere para amenizar os problemas é uma missão do alto escalão do governo para os países árabes, como foi feito recentemente para a Ásia pela ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Cabe também uma visita do presidente Bolsonaro à Arábia Saudita, Emirados Árabes, Egito. Nesses países estratégicos para o Brasil, é muito importante.

A conversa de governantes brasileiros, incluindo o presidente Jair Bolsonaro, com o príncipe herdeiro saudita, que ocorreu em junho durante a cúpula do G20, foi um bom sinal. Ele também elogiou a ministra Tereza Cristina, afirmando que ela tem feito um bom trabalho em termos de relações. Caso haja essa melhora na relação, o executivo sugeriu que problemas recentes com a Arábia Saudita ligados ao tema de dessensibilização de frangos (no ano passado, autoridades do país disseram que os choques elétricos que deixam os frangos inconscientes não cumprem princípios do Islã, que exigem que o animal esteja vivo quando tiver seu pescoço cortado) também podem ser revertidos. De um tempo para cá, a Arábia saudita passou a exigir que a regra seja cumprida, e isso realmente causou muita dificuldade. Foi difícil para o Brasil se adaptar, mas a tendência é eles reverterem essa regra. Mas, é preciso que haja uma boa relação.

O executivo afirmou que, com 1,8 bilhão de pessoas ao redor do mundo, a comunidade islâmica é promissora e não deve ser menosprezada pelo Brasil. Dificilmente as pessoas abandonam esse costume, essa religião, e os membros têm uma taxa de natalidade forte. Se o Brasil exportar para esse mercado o mesmo que no ano passado, não é bom. É preciso acompanhar o crescimento natural e o crescimento de comunidades não islâmicas que também pedem a certificação Halal, como o Japão. Ele lembrou, ainda, que a China, o principal parceiro comercial do Brasil, tem mais de 100 milhões de muçulmanos, e deve ter aumento expressivo no consumo de frango para abastecer as perdas causadas pela peste suína africana (PSA). Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.