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19/Jul/2019

Leite: preço ao produtor avançou no 1º semestre

De janeiro a junho, os preços do leite ao produtor subiram 21,1% na “Média Brasil” líquida (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo), devido à elevada competição entre indústrias para garantir a compra de matéria-prima e à menor oferta neste primeiro semestre. No entanto, a dificuldade dos laticínios em repassar a valorização da matéria-prima ao consumidor deve pressionar as cotações ao produtor já em julho (referente à captação de junho). A intensidade da queda dos preços deve variar entre os Estados, mas as fracas negociações de derivados

no mês anterior e as margens espremidas das indústrias podem levar a recuos expressivos. A redução pode variar de 5% a 12% em relação a junho. A queda dos preços ocorre antes do que é tipicamente observado. Segundo análises de sazonalidade, ocorre em setembro, após o pico da entressafra nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste.

Por outro lado, as consecutivas valorizações do leite desde o início do ano levaram as cotações aos maiores patamares da série histórica do Cepea, num contexto de acirrada competição dos laticínios e estagnação econômica do consumo. Até agora, o comportamento dos preços deste ano lembra o verificado em 2017, com o primeiro semestre de altas, em virtude da oferta limitada, e cotações em queda antes do pico da entressafra. Antes de assumir que os preços do segundo semestre de 2019 irão despencar como em 2017, é preciso pontuar uma diferença fundamental entre os períodos: até agora, a produção de leite ainda não reagiu como naquele ano e isso não se deve apenas às condições sazonais (redução de chuvas nas Regiões Sudeste e Centro-Oeste e diminuição da qualidade das pastagens). Desde 2017, muitos produtores deixaram a atividade e boa parcela dos que ficaram estão endividados. Houve e ainda há grande insegurança de produtores em realizar investimentos de longo prazo devido às incertezas no curto prazo.

Mesmo com os altos preços no primeiro semestre e a relação de troca com o milho favorecida, a produção de leite neste ano pode variar pouco em relação ao volume de 2018. A dificuldade de prever o comportamento dos preços neste segundo semestre se dá pela encruzilhada em que as indústrias se encontram: de um lado, com vendas fragilizadas de derivados e, do outro, disputando volume com concorrentes para assegurar matéria-prima, diminuir ociosidade não planejada (que se traduz em custos) e manter seus shares de mercado. O período de quedas se iniciou, mas a expectativa dos agentes quanto à intensidade dos recuos daqui para a frente é muito divergente. Enquanto os valores do UHT e da muçarela seguem oscilando, mas com tendência à queda, o mercado spot mostra leve alta das cotações na segunda quinzena de julho, indicando possibilidade de variação pequena para os preços do produtor em agosto.

Em São Paulo, no atacado, os preços dos derivados lácteos registraram queda em junho, devido à fraca demanda no período. Nesse cenário, alguns laticínios permaneceram com menor produção, com o objetivo de evitar aumento de estoque. O leite UHT esteve cotado a R$ 2,46 por litro, baixa de 5,13% frente a maio/2019 e de expressivos 23,84% em comparação ao mesmo período do ano passado. Quanto ao queijo muçarela, a cotação média em junho foi de R$ 17,62 por Kg, queda de 0,14% em relação ao mês anterior e de 13,03% ante a junho/2018. Na primeira quinzena de julho, o leite longa vida se desvalorizou 2,28%, com preço médio de R$ 2,34 por litro. O queijo muçarela, por sua vez, caiu 0,68%, a R$ 17,67 por Kg. Apesar de iniciar o mês aquecido, o mercado se enfraqueceu no correr do período, prejudicando as negociações. Quanto ao mercado externo, o volume total de lácteos exportados e importados no primeiro semestre de 2019 fechou acima daquele do mesmo período de 2018.

As exportações somaram 12,3 toneladas, 20,8% acima da quantidade embarcada na primeira metade do ano anterior. Esse resultado reflete os aumentos das comercializações de creme de leite e de leite condensado, de 20,5% e 18,1%, respectivamente, na mesma comparação. Os embarques de leite fluido e leite em pó, que têm menor participação no total exportado pelo Brasil, também contribuíram para elevar o volume enviado ao mercado internacional nos últimos seis meses, apresentando crescimentos de expressivos 5600% e 840%. O custo de produção da pecuária leiteira concluiu o primeiro semestre do ano com alta. Nesse período, o Custo Operacional Efetivo (COE), que considera os desembolsos da atividade, acumulou alta de 0,61% na “Média Brasil” (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo). O reajuste do salário mínimo foi o principal responsável pela alta nos custos. Vale lembrar que a mão de obra é uma das principais despesas do produtor de leite, representando, em geral, 15% do COE.

Por outro lado, outro insumo com importante representatividade nos custos de produção registrou queda, beneficiando o produtor. Os preços do concentrado sofreram recuo de 1,4% nos seis primeiros meses de 2019. O milho, principal componente das rações fornecidas ao rebanho leiteiro, sofreu movimento semelhante no primeiro semestre. Quando se considera as médias mensais, o indicador do milho ESALQ/BM&FBOVESPA registra queda de 2,63% no ano, em valores reais. Esse movimento de baixa está associado à alta produção do cereal na safra 2018/2019. Do ponto de vista da receita, o primeiro semestre teve cenário positivo. Na “Média Brasil”, o preço do leite líquido médio ao produtor registrou alta de 19,85% em valores reais. Dessa maneira, a primeira metade do ano foi marcada pela recuperação das margens do produtor, visto que a alta da receita foi marcadamente mais intensa que a dos custos. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.