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15/Jul/2019

Carnes: gigantes BRF e MARFRIG desistem de fusão

A BRF e a Marfrig desistiram do acordo para fusão de seus negócios, anunciado há cerca de 40 dias. As duas companhias, que haviam acordado um prazo de 90 dias para organizar a fusão, desistiram das conversas por não terem conseguido chegar a um consenso sobre temas de governança corporativa que guiariam a nova companhia. Apesar do término das tratativas para a combinação de seus negócios, o relacionamento comercial entre a companhia (BRF) e a Marfrig permanecerá inalterado e não haverá quaisquer modificações nas práticas, condições e termos previstos em contratos por elas celebrados, segundo informou a dona de Sadia e Perdigão, em fato relevante. Hoje, a Marfrig fornece carne bovina à BRF para produção de hambúrgueres, por exemplo. O fim dessa negociação, no entanto, pode não ser o ponto final em uma eventual parceria entre as duas companhias. As empresas poderão retomar as conversas, em outros termos.

A falta de consenso sobre governança pode ter sido gerada pelo anúncio prematuro da fusão dos negócios, que teria ocorrido antes de as empresas amadurecerem o tema. A dificuldade em definir claramente os papéis dos executivos da BRF e da Marfrig na nova companhia também pesou desfavoravelmente. Outra questão complexa seria o fato de os fundos de pensão - Petros (da Petrobrás) e Previ (do Banco do Brasil), que sócios relevantes na BRF - não verem a união com bons olhos. A Previ era abertamente contrária à união. Os fundos de pensão foram os maiores opositores à gestão do empresário Abilio Diniz e da Tarpon, à frente da BRF, que em 2016 registrou seu primeiro prejuízo da história, e teve seu nome envolvido nas operações Carne Fraca e Trapaça. A empresa negocia acordo de leniência.

Ao mesmo tempo, dentro da Marfrig, haveria dúvidas se a fusão valeria a pena para Marcos Molina, que ficaria sem muito poder no novo negócio. O anúncio da fusão entre as duas gigantes dos alimentos pegou o mercado de surpresa no fim de maio. A combinação dos dois negócios criaria uma gigante global de carnes, com receita de R$ 76 bilhões. Pelo acordo, a BRF ficaria com 85% da companhia que seria criada a partir da fusão, enquanto a Marfrig seria dona de uma fatia de 15%. A companhia resultante da fusão seria uma gigantes com 136 fábricas e 137 mil funcionários. Caso a união dos negócios tivesse ido adiante, a gigante das carnes ficaria atrás somente da JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, da americana Tyson Foods e da chinesa Smithfield. Unidas, BRF e Marfrig teriam uma atuação mais abrangente, atuando em todas as principais proteínas animais.

Apesar desse apelo de escala, houve quem questionasse a efetividade da fusão no fim de maio, quando ela foi anunciada. Do ponto de vista da redução do endividamento da BRF, havia outras alternativas. O mercado já esperava que, com a Peste Suína Africana na China, os resultados da BRF melhorassem de forma sensível ao longo de 2020 e 2021. Tanto que esse fator já tinha começado a aparecer nas ações da empresa, que subiram cerca de 50% nos últimos seis meses. A BRF, que enfrenta dificuldades financeiras e de operação há dois anos, com prejuízo acumulado de R$ 5,5 bilhões em 2017 e 2018, teria a intenção de que a combinação reduzisse sua exposição a riscos setoriais e gerasse alguns ganhos de sinergia. A Marfrig, que nos últimos anos passou a vender negócios para reduzir suas pesadas dívidas, passaria a fazer parte de um grupo sólido, que também venderia carne suína e de frango. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.