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26/Jun/2019

Boi: frigoríficos têm problemas para vender ao Irã

O recrudescimento da crise entre Estados Unidos e Irã já atrapalha os frigoríficos brasileiros que vendem carne bovina ao país persa. No acumulado deste ano, o Irã é o terceiro maior importador da carne nacional, só atrás de China e Hong Kong. Entre janeiro e maio, os exportadores receberam mais de US$ 200 milhões para enviar carne ao mercado do Irã, o que representou quase 8% do total exportado pelo Brasil. No dia 24 de junho, o presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou uma nova rodada de sanções ao Irã. Na última semana, a tensão entre os dois países se intensificou após a derrubada, pelo Irã, de um drone dos Estados Unidos. O governo norte-americano chegou a preparar um ataque militar ao território iraniano, mas Donald Trump abortou a ofensiva na última hora. Para os frigoríficos brasileiros, a escalada no conflito diplomático reforçou a decisão dos exportadores de colocar o pé no freio.

Há relatos de frigoríficos de que há algum tempo não fecham novos contratos de exportações para o Irã. A redução das vendas reflete a ausência de leilões de importação do órgão estatal iraniano. O país não vem conseguindo ter acesso a divisas. Além dos reflexos negativos da pressão de Donald Trump, os exportadores de carne bovina enfrentam dificuldades adicionais para conseguir bancos no Brasil que aceitem receber os recursos oriundos do Irã. No início de maio, funcionários do Banco Paulista foram presos em um desdobramento da Operação Lava-Jato. A instituição financeira era uma das poucas que firmava contratos com os frigoríficos para viabilizar o recebimento dos recursos das vendas ao Irã. O embaixador do Brasil no Irã ponderou que ainda é preciso avaliar os impactos das novas sanções norte-americanas. Segundo ele, é preciso aguardar um pouco mais para entender o alcance, mas ressaltou que os produtos agrícolas não estão na lista.

De qualquer forma, a dificuldade em fechar novos contratos tende a aparecer nas estatísticas nos próximos meses, reduzindo o ritmo de crescimento das vendas. Entre janeiro e abril, os embarques diretos de carne bovina para o Irã renderam US$ 114 milhões, somando 32 mil toneladas, segundos dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Trata-se de uma alta de 12% ante as 28 mil toneladas de igual período do ano passado. Ao volume de exportações diretas, deve ser somada às vendas indiretas, por via terrestre, a partir de Turquia, Emirados Árabes Unidos e Omã. Os embarques indiretos ao Irã visavam a driblar as restrições dos armadores após as sanções dos Estados Unidos. Os embarques indiretos de carne bovina ao Irã totalizaram outras 44 mil toneladas nos primeiros cinco meses do ano. Agora, no entanto, até as vendas indiretas começam a ser afetadas.

Se considerada as vendas diretas e indiretas (o Ministério da Agricultura ainda não compilou os números de maio), os embarques chegam a 85 mil toneladas, segundo uma fonte da indústria. Além das carnes, o Irã também é um grande comprador de grãos do Brasil. De acordo com os últimos dados compilados pelo Ministério da Agricultura, o Irã gastou US$ 829 milhões para comprar produtos agrícolas brasileiros entre janeiro e abril. Desse total, US$ 303 milhões foram gastos para importar soja em grão e US$ 279 milhões para comprar milho. Assim como os frigoríficos, as tradings que comercializam grãos podem ter as vendas afetadas pelas sanções. Nesse caso, porém, a existência de companhias chinesas, como a Cofco, pode atenuar o problema de fornecimento. A China mantém boas relações com o Irã, fornecendo divisas ao país persa a partir da importação de petróleo. Fonte: Valor Econômico. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.