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25/Jun/2019

Boi: cenário é desfavorável para os confinamentos

Segundo levantamento da Associação Nacional da Pecuária Intensiva (Assocon), em 1.400 unidades mapeadas no Brasil, 3.386.323 animais foram terminados em confinamento em 2018. Para 2019, a expectativa é de estabilidade na produção ou mesmo redução. Mesmo com a forte oscilação de preços o milho se mantém como um dos principais produtos da dieta de confinamento. É possível substituir o cereal por outros insumos, mas o grão continua sendo o preferido de boa parte dos confinadores do Centro-Oeste. O preço, sustentado também pela demanda das usinas de etanol, exigirá mais planejamento do confinador. Essas variáveis são novos desafios aos pecuaristas. Cada vez mais ele terá de adequar seu planejamento para a aquisição de insumos e venda de animais. Negociar em balcão será cada vez mais arriscado.

A novidade dentro do cenário brasileiro é a divisão do protagonismo da engorda intensiva entre Goiás e Mato Grosso. O Estado de Goiás mantém uma produção de 900 mil animais confinados (base 2018) e continua na liderança. Por outro lado, o Mato Grosso tem conseguido a dianteira na produção de animais em sistemas intensivos, considerando confinamento, semiconfinamento e todas as suas variações. As projeções são de uma safra brasileira de milho superior a 100 milhões de toneladas, 20 milhões de toneladas maior que a da temporada passada, mas o cenário não é favorável aos confinadores de gado. Desde o fim de maio, fatores externos e internos estão sustentando o preço médio da saca de milho, principal insumo da ração concentrada para a engorda intensiva do boi. Para completar, pecuaristas que dependem da reposição (compra de gado magro) também encontram dificuldades.

No médio norte de Mato Grosso, Estado que deve produzir este ano mais de 30 milhões de toneladas do cereal e que tem 20% da 2ª safra, o preço médio abriu a segunda quinzena de junho a R$ 23,00 por saca de 60 Kg. Em outros anos, neste período, o valor bateria em um teto de R$ 18,00 por saca de 60 Kg. Além da demanda externa, impulsionada pela previsão de quebra da safra dos Estados Unidos, também a produção de etanol de milho contribui para reduzir a oferta. E é no médio norte mato-grossense que o biocombustível mais se expande. A expectativa é de que a produção atual em Mato Grosso, estimada em 1,1 bilhão de litros de etanol de milho, chegará a 2,2 bilhões de litros no ano que vem. Mas o patamar de preço ainda está razoável e incentiva o agricultor a continuar investindo no cereal em 2020.

Para o confinador, é garantia de produto no próximo ano. A preocupação maior é com os preços pedidos pelo boi magro. Enquanto o milho pode influenciar entre 10% a 15% o custo da produção da arroba confinada, a aquisição do animal para a engorda representa 70%. A arroba de reposição está, em média, a R$ 153 com o frete, para a compra de animais originários do extremo norte do Estado ou do sul do Pará. A cotação da arroba do boi gordo em Sinop é de R$ 140,50 a prazo. Levantamento realizado pelo Imea-MT em 20 de maio indicava que no Estado a intenção de confinamento é de 691 mil animais, queda de 7% ante 2018. Na região sul de Mato Grosso, onde no início o milho está cotado a R$ 27,30 por saca de 60 Kg, confinadores são menos afetados pelos preços de mercado, uma vez que a maioria faz o cultivo do cereal na propriedade.

Em Mato Grosso do Sul, a terminação do gado em confinamento está garantida. A previsão nacional, que é de fechar em torno de 5 milhões de cabeças, deve ser mantida. O preço do milho chegou aos R$ 31,00 por saca de 60 Kg em Dourados, centro-sul do Estado. Maior Estado confinador, Goiás deve repetir ou reduzir levemente o volume de animais engordados no cocho este ano. Quem comprou milho e gado magro com antecedência está mais tranquilo, mas o produtor que não tomou estas providências deve recuar um pouco suas intenções em função da volatilidade dos preços. Os produtores têm analisado várias origens para obter o milho a preços mais atrativos. Os grandes confinamentos do Vale do Araguaia, por exemplo, preferem adquirir milho no outro lado do rio, em Mato Grosso, onde a cotação quase sempre é levemente mais baixa e o frete mais barato em comparação ao milho comprado na região sudeste de Goiás, responsável por 70% da produção do cereal no Estado. Essa diferença, incluindo o frete, pode chegar à casa de 7%. Fonte: Agência Estado. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.