31/Mai/2019
Em São Paulo, no atacado, analisando-se a série de preços da carne de 2015 a 2019, verifica-se que os valores do traseiro registram queda no primeiro semestre, mas se recuperam no segundo. No caso do dianteiro, o movimento é o contrário, com alta nos preços na primeira metade do ano e recuos na segunda metade. Apesar de este ser um movimento sazonal, em 2019, especificamente, o que tem chamado a atenção é a intensidade dessas variações, tanto do traseiro quanto do dianteiro. No acumulado deste semestre (entre 28 de dezembro de 2018 e 28 de maio de 2019), enquanto o traseiro registra desvalorização de 11,74%, negociado à vista a R$ 12,26 por Kg, o preço do dianteiro apresenta expressiva alta de 20,30%, a R$ 9,19 por Kg à vista. Nos primeiros semestres de 2018, 2017 e 2016, as quedas nos preços do traseiro eram bem mais intensas, sendo, respectivamente, de 17,05%, de 15,74% e de 14,2%. No caso do dianteiro, a valorização do primeiro semestre deste ano se destaca, tendo em vista que, de janeiro a junho de 2018, a alta foi de 13,13%, em 2017, de 7,22% e, em 2016, de 9,61%.
Em relação ao segundo semestre de 2018, enquanto o preço do traseiro registrou recuperação de quase 26%, o do dianteiro recuou 7,62%. O mesmo movimento foi observado em 2017, com valorização de 23,13% para o traseiro e desvalorização de 7,12% para o dianteiro. Em 2016 e 2015, as altas foram, nesta ordem, de 20,6% e de 11,71% nos valores do traseiro, ao passo que as baixas nos do dianteiro foram de 15,34% e de 4,81%. O dianteiro é a carne mais exportada pelo Brasil e, por ser mais barata, é também a mais consumida internamente, sobretudo no primeiro semestre, quando grande parte da população está financeiramente restrita (devido a gastos extras), o que justifica sua valorização nesse período do ano. O traseiro, por sua vez, é exportado para nichos de mercado e registra aquecimento na demanda internacional e na doméstica a partir da segunda metade do ano, especialmente no último bimestre, devido ao maior poder de compra da população, contexto que favorece a alta nos preços desse corte.
Neste primeiro semestre de 2019, especificamente, o forte desempenho das exportações é que tem resultado em alta mais intensa nos valores do dianteiro, ao passo que o ambiente político-econômico incerto mantém o consumo nacional fragilizado, pressionado as cotações do traseiro. Essa sazonalidade evidencia que a diferença entre os preços do traseiro e do dianteiro tende a ser ampla entre o final e o início de cada ano e estreita entre o encerramento do primeiro semestre e começo do segundo. Assim, a diferença entre os valores do dianteiro e do traseiro, que era de R$ 6,32 por Kg no começo de 2019, passou para R$ 3,07 por Kg. Nos primeiros dias de janeiro de 2018, a diferença entre o traseiro e o dianteiro era de R$ 6,00 por Kg e, no início do segundo semestre daquele ano, caiu para R$ 2,70 por Kg. Nesse mesmo período de comparação, em 2017, a diferença saiu de R$ 5,50 por Kg para R$ 2,94 por Kg, e, em 2016, de R$ 4,30 por Kg para R$ 1,74 por Kg.
Isso significa que, nas próximas semanas, a diferença entre os valores do traseiro e do dianteiro tende a diminuir ainda mais, com desvalorização para o primeiro e valorização para o segundo. Quanto às exportações, a demanda internacional aquecida, especialmente por parte da China e Hong Kong, e o dólar em alto patamar seguem favorecendo os embarques nacionais de carne bovina in natura. Até a quarta semana de maio, o volume de carne bovina embarcada já superava as 100 mil toneladas. De acordo com dados da Secretaria de Comercio Exterior (Secex), a média diária das exportações este mês está em 5,95 mil toneladas, acima da verificada no mês passado, de 5,22 mil toneladas, e em maio de 2018, de 4,31 mil toneladas. Caso esse ritmo se mantenha, os embarques de maio podem somar 125 mil toneladas, um dos maiores volumes para um mês de maio da história. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.