03/Mai/2019
A cadeia suinícola já encontra novos desafios a serem enfrentados durante este ano. Uma das questões atuais de maior preocupação para o mercado mundial de proteína animal é o surto de peste suína africana (PSA) que assola a China. A PSA provocou mudanças no volume e nos preços do mercado internacional. Mas, apesar da redução das exportações de carne suína brasileira para o país no primeiro trimestre deste ano, os volumes totais exportados estão levemente maiores que o mesmo período do ano passado. Com a retomada do mercado da Rússia e o provável aumento de demanda da China ao longo do ano, ainda se projeta que 2019 encerre com volumes exportados superiores a 2018. Com o abate de grande número de suínos na China, em função dos focos de PSA, a oferta de carne suína aumentou muito em um curto período, determinando queda nos preços dos suínos no país. Mas, ao contrário do que se esperava, ainda não houve aumento significativo das exportações de carne suína brasileira para a China.
Analisando as exportações do produto in natura, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), no primeiro trimestre de 2019, houve uma redução de 18% nas quantidades exportadas para a China e uma queda de 21,6 % na receita, quando comparado com o mesmo período de 2018. Se por um lado, a carne suína brasileira ainda não atingiu os mesmos volumes de 2018 no mercado chinês, por outro, a Rússia voltou a ser um grande comprador. No primeiro trimestre de 2019, a Rússia assumiu a terceira colocação dos destinos da carne suína brasileira (atrás de China, com 24,9% e Hong Kong, com 15,7%) e já representa 13% dos embarques de carne suína in natura, totalizando mais de 17 mil toneladas de janeiro a março. Assim, houve uma compensação da redução dos volumes exportados para a China, pois na somatória dos três destinos, o volume de um ano para o outro (73 mil toneladas de carne suína in natura) mantém-se praticamente estável. O mercado interno de suínos está bastante demandado, com os preços pagos ao produtor voltando a patamares que não eram atingidos desde o segundo semestre de 2017.
Além da regularidade da exportação, o preço crescente das carnes bovina e de frango também contribui para elevar o valor pago pelo suíno. Há uma percepção de diminuição na retenção de suínos e do peso de abate em muitas regiões, indicando que está relativamente baixa a oferta e que essa situação deve se manter nos próximos meses. Com a perspectiva de aumento das exportações ao longo do ano, especialmente para a China, parece que o suinocultor voltará a trabalhar com margens positivas. Segundo a Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS), resta saber até que ponto os indicadores socioeconômicos negativos do País, como alto desemprego e redução de renda, vão limitar esta elevação dos preços. O atual cenário deve ser acompanhado com atenção por todos os integrantes da cadeia suinícola. Apesar de uma pequena quebra na safra brasileira em final de colheita, o preço da soja e seus derivados (farelo) tem se mantido estável, por enquanto, sem tendência de alta, ao contrário do que ocorreu no ano passado.
Com relação ao imbróglio tarifário entre China e Estados Unidos que fez com que o Brasil ganhasse grande espaço nas exportações da oleaginosa para a China em 2018, permanece a expectativa da definição das negociações entre os dois países. No primeiro trimestre de 2019, o Brasil exportou 28% a mais e os Estados Unidos 30% a menos que o ano passado para a China em relação ao mesmo período do ano passado. O preço da soja no Brasil vai depender em grande parte desse movimento entre Estados Unidos e China e do próprio consumo chinês. A eventual redução de tarifas da China em relação a soja norte-americana pode determinar uma reconquista de percentuais perdidos para o Brasil no país asiático. Por outro lado, a redução significativa do rebanho suíno, pela PSA, pode determinar redução expressiva da demanda de grãos pela China. Ambas ocorrências, aliadas à esperada grande safra da Argentina, podem reduzir significativamente os embarques de soja do Brasil, determinando preços mais baixos no mercado interno.
Embora o milho continue em patamar de preço relativamente elevado para as atividades de produção de proteína animal, o comportamento do clima com chuvas regulares nas principais regiões produtoras do Brasil indica que, de fato, a 2ª safra de 2019 obterá volume recorde na safra 2018/2019. Mantém-se a previsão de colheita 15% superior à safra 2017/2018, o que deve determinar a queda dos preços deste grão. Com o mercado interno e externo de carnes aquecido, a previsão é de boa colheita da 2ª safra de milho este ano e estabilidade do mercado de soja, espera-se uma recuperação das margens da atividade suinícola ao longo do ano. Porém, é preciso ficar atento às condições climáticas no Brasil e nos Estados Unidos e às negociações tarifárias da soja e da carne suína entre China e Estados Unidos. Além disso, com o crescimento das exportações de carne bovina e de frango, é esperada uma pressão para o aumento dos preços pagos ao suinocultor brasileiro. Fonte: Suinocultura Industrial. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.