29/Abr/2019
Os contratos do boi gordo com vencimento no período de entressafra têm se valorizado nos últimos dias na B3, em especial o outubro/2019. Na máxima, este contrato chegou a superar os R$ 160. No fechamento, porém, caiu abaixo do patamar, sem se distanciar muito. O movimento é causado pelo fluxo de notícias envolvendo a peste suína africana (PSA) na China e seu potencial impacto no preço das proteínas mundiais. O contrato com vencimento em outubro, o mais negociado, fechou a R$ 159,75 por arroba, aumento de R$ 9,20 por arroba ante a véspera. O segundo contrato mais negociado, para maio, terminou com recuo de R$ 0,30, a R$ 154,40 por arroba. Esse diferencial entre os vencimentos da safra (maio) e da entressafra (outubro) tende a aumentar.
Este cenário tem levado a uma enorme demanda por ferramentas financeiras de proteção no mercado de opções, onde as opções de compra (ou call) de nível R$ 170 por arroba para outubro têm sido as mais procuradas. Quem compra essa opção terá ganho líquido apenas caso o vencimento de outubro suba acima do patamar de R$ 170. Ainda não se sabe qual será o real efeito da demanda chinesa sobre o mercado global de proteína animal, mas mais de 30% do plantel de suínos da China já foi perdido, o que implica buscar tanto mais carne suína, quanto de frango e bovino no mercado internacional. Esse talvez seja um ano para se pensar em não travar preços para a entressafra. O mais adequado seria garantir preços mínimos e ficar livre para surfar a onda chinesa caso ela atinja o Brasil.
Enquanto isso, no mercado físico do boi gordo melhorou a liquidez, com mais pecuaristas liberando lotes de gado. As condições de pasto ainda dão suporte aos animais, porém a proximidade do fim da temporada de chuva se alinha com a perspectiva da possibilidade de perda de espaço de comercialização. O período de vacinação, em maio, também contribui para a entrega de animais para venda. Apesar das escalas ainda se manterem curtas, muitas indústrias estão conseguindo pressionar o mercado e comprar abaixo do valor de referência. Em São Paulo, os preços seguem em R$ 157 à vista e R$ 158 a prazo. No mercado atacadista, os preços de todos os cortes pesquisados recuaram 0,3%, em média, nos últimos sete dias. Considerando o atual período do mês, de menor poder aquisitivo da população, já era de se esperar esse comportamento para os preços da carne. Nesta semana, é provável que o mercado da carne reaja positivamente, com um dia a menos de abate, por causa do feriado do Dia do Trabalhador (1º), e consumo talvez mais aquecido. O boi casado de animais castrados está cotado em R$ 10,42 o quilo.