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29/Abr/2019

Suíno: PSA se agrava na China e pode se expandir

A peste suína africana já dizimou milhões de suínos na China, país que conta com o maior plantel mundial. A doença já se alastrou por toda a nação, vem se agravando e já acomete também outros países da Ásia, como Vietnã, Japão, Mongólia, Camboja. Partes da Europa também já registram casos. O norte-americano The Wall Street Journal alerta que após devastar a China, a peste suína africana ameaça se tornar global. Com a possibilidade de chegar aos Estados Unidos, especialistas já fazem levantamentos dos impactos para o país. Segundo um estudo da Universidade Estadual de Iowa, o primeiro ano de um surto da doença em território norte-americano causaria uma perda financeira de US$ 8 bilhões para produtores de carne suína, US$ 4 bilhões para a indústria do milho e US$ 1,5 bilhão para a soja. Agentes federais norte-americanos apreenderam 454 toneladas de carne suína contrabandeada da China para o porto de Nova Jersey, a maior apreensão de produtos agrícolas do país. Estas operações ilegais são os maiores riscos para ampliar a área de contágio pela doença.

No Brasil, o Ministério da Agricultura também alinhou seus trabalhos e intensificou as medidas para evitar o ingresso do vírus no País. As ações de fiscalização foram intensificadas pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para evitar o ingresso no país do vírus da Peste Suína Africana (PSA). A vigilância agropecuária internacional é de suma importância para proteger o rebanho brasileiro. As mudanças causadas pela epidemia são bastante profundas e os impactos causados ainda podem levar anos para serem revertidos. A indústria de carne suína da China já sente severamente o quadro, uma vez que desde agosto de 2018 já foram abatidos mais de 1 milhão de suínos, de acordo informações do escritório de veterinário do Ministério de Agricultura e Assuntos Rurais da China. O número de matrizes já apresenta um recuo de 21% em março se comparado ao mesmo mês do ano passado, o que irá acarretar em problemas futuros. Do mesmo modo, somente na primeira semana do mês de março, os preços da carne suína subiram 2,1% em relação ao mesmo período de 2018. Na primeira semana de abril, porém, a alta já foi de 36%.

A carne suína é mais consumida da China e todos os fatores convergem para preços cada vez mais altos frente a estoques cada vez mais ajustados. Afinal, além das mortes de suínos já contabilizadas, o país enfrenta dificuldades em controlar a doença e mais de 70% dos produtores têm evitado recompor seus rebanhos. Segundo o governo chinês, a produção de carne suína irá cair ainda mais e os estoques ficarão muito restritos. Os preços do suíno vivo irão alcançar uma nova máxima histórica no quarto trimestre deste ano. Números da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) dão dimensão do consumo de carne suína na China em uma comparação com os Estados Unidos. Em 1995, os chineses abateram mais de 406 milhões de suínos para alimentação, enquanto nos Estados Unidos foram 94,5 milhões. Em 2014, esses números passaram para, respectivamente, mais de 735 milhões na China e chegaram a pouco mais de 106 milhões nos Estados Unidos. A nação asiática possuía, no final de março, 375 milhões de suínos (entre matrizes, suínos e leitões) contra 428 milhões no final de dezembro/2018. A baixa foi bastante rápida.

Os números são bastante preocupantes, no entanto, podem ser bem piores. Por ser um país muito fechado, os dados da China podem estar mostrando apenas uma parte do problema. A questão da peste suína africana em grandes fazendas produtoras é muito séria, mas acredita-se que o governo não está reportando todos os fatos. As perdas pela doença nas grandes propriedades de suínos podem chegar a algo entre 30% e 40%. Há muitos casos que são identificados e não estão sendo reportados. A realidade é que o problema pode ser muito maior do que o está sendo divulgado neste momento. Somente um país não será capaz de atender a todo esse gap da demanda chinesa por carne suína, entretanto, há questões políticas que estão envolvidas no caso nas atuais circunstâncias. A China já fez algumas compras nos Estados Unidos com volumes nunca vistos antes, mas só um país será insuficiente. Assim, a expectativa é de que se voltem ainda mais para o Brasil, que é o principal celeiro agora. Isso acontece mesmo com a taxação imposta pelos chineses sobra a carne suína norte-americana de 62%. Mas, a China irá ampliar suas compras onde conseguirem.

Uma data importante para o mercado de proteínas do Brasil é o dia 6 de maio, quando a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, vai à China na intenção de ampliar este mercado e trabalhar na habilitação de mais algumas plantas frigoríficas brasileiras. Em novembro/2018, o Brasil recebeu uma missão oficial da China para a inspeção de frigoríficos nacionais e as expectativas eram de que as habilitações para 78 plantas seriam efetivadas, o que não aconteceu. Agora, será tarefa da ministra, em sua primeira viagem oficial, concluir essas relações. As expectativas do setor são bastante positivas, mas há questões políticas que precisam ser consideradas, entre China e Estados Unidos e Brasil e Estados Unidos. Atualmente, quem já exporta carnes para a China são as cinco gigantes dos alimentos no Brasil, no entanto, para atender toda essa demanda da nação asiática, o Brasil precisará ter seus frigoríficos menores também habilitados. Os frigoríficos que conseguirem essa habilitação terão grandes oportunidades.

Isso, depois de alguns problemas enfrentados, poderá oxigenar todo o setor. Este é um setor de margens estreitas, que pode ver um avanço com esse cenário. A realidade é que toda a produção de suínos do mundo seria ainda insuficiente para abastecer a China. Os mais de 20 milhões de suínos criados na Dinamarca, por exemplo, poderiam satisfazer a demanda apenas de uma cidade chinesa. As últimas projeções do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) indicam que a China irá aumentar suas importações de carne suína em 33% este ano em relação ao anterior, com o volume total podendo chegar a 2 milhões de toneladas. Somente nos dois primeiros meses de 2019, as compras chinesas foram de 207 mil toneladas. Desde 1º de agosto, quando os primeiros casos começaram a ser registrados, os futuros dos suínos negociados nas bolsas norte-americanas subiram mais de 30%. No mesmo período, as ações da brasileira JBS mais do que dobraram de valor. Fonte: Notícias Agrícolas. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.