26/Abr/2019
O volume de bovinos abatidos no Brasil sem fiscalização em 2015 corresponde de 3,83% a 14,1% do total abatido. Para chegar a esses resultados, foram consideradas duas abordagens, a da demanda por carne bovina e a da oferta de bois prontos para o abate. Pelo lado da oferta, a estimativa nacional do total abatido sem qualquer tipo de inspeção foi de 14,1%, em 2015. Nesta abordagem, empregou-se a base de dados do Projeto Campo Futuro (parceria entre o Cepea e a CNA), que representa as principais regiões de pecuária bovina do País. Na abordagem da demanda, estima-se que o abate não fiscalizado no Brasil em 2015 respondeu de 3,83% a 5,72% do total de cabeças abatidas. As estimativas para este caso foram obtidas a partir de dados secundários do Pnad, POF 2008/2009 e Pesquisa Trimestral do Abate de Animais Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e dados primários sobre o autoconsumo de carne bovina nas propriedades rurais brasileiras. As limitações de informações para esta estimativa conferem algum grau de subestimação.
Um exemplo é a falta de dados mais atualizados sobre o consumo per capita de carne bovina. Uma restrição à estimativa das proporções para os Estados é a falta de informações sobre a magnitude do comércio interestadual de carne bovina. O foco de levantamento forma dados de Mato Grosso, Rondônia e Pará. Na abordagem pela demanda, estima-se a quantidade de bovinos necessária para atender ao volume de carne bovina demandada por Estado, seja essa para consumo interno ou para comercialização com outras localidades. Para cada um dos Estados em análise, tal volume é definido pelas seguintes variáveis: consumo de carne bovina estadual, comércio interestadual (bois vivos e carne bovina), exportação, importação e autoconsumo. Esta metodologia evidencia a importância do autoconsumo, uma prática legal e comum na zona rural, mas que não entra nas estatísticas oficiais. A quantidade estimada pelo lado da demanda é confrontada com os dados oficiais de abate divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Cabe ressaltar que os dados oficiais incluem os bovinos abatidos sob os três sistemas de inspeção: federal (SIF), estadual (SIE) e municipal (SIM). A diferença residual entre a estimativa da quantidade demandada e os dados oficiais é interpretada como o abate não fiscalizado. No caso da abordagem da oferta, estima-se a quantidade de bovinos que estariam aptos para abate em 2015. Esse cálculo é realizado com base nos dados oficiais de rebanho, divulgados pelo IBGE, nas Guias de Trânsito Animal (GTA), emitidas pelos serviços oficiais dos Estados e que são informadas ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), e nos índices zootécnicos das fazendas típicas analisadas pelo Cepea, em parceria com a Confederação Nacional da Agricultura (CNA). Confronta-se, então, a quantidade de bovinos aptos para o abate com os dados de abates divulgados pelo IBGE, sendo estes, por sua vez, corrigidos conforme a movimentação. Considera-se que a diferença entre as duas variáveis é a quantidade de bovinos abatidos sem qualquer tipo de fiscalização.
Cabe ressaltar que um coeficiente de correção é aplicado, pois as estatísticas consideram animais abatidos no Estado, sejam eles produzidos no mesmo Estado ou trazidos de outras Unidades da Federação. Logo, utilizando-se o saldo da movimentação animal entre os Estados, obtém-se uma estimativa do abate somente de bois produzidos naquele Estado. Em 2012, o percentual de abate não fiscalizado nacional ficou em torno de 7,6% a 8,9%. No entanto, há diferenças metodológicas entre o estudo de 2012 e o atual e, por isso, não devem ser comparados. Pela atual metodologia, segregou-se a demanda de carne para população urbana e rural e refinou-se a metodologia para estimar a oferta de bovinos, considerando-se regiões distintas dentro dos Estados e ampliando o uso das informações das GTAs. Há desafios para avançar, ainda mais, nas estimativas do abate não fiscalizado. Além da evidente necessidade de registro e divulgação de estatísticas de movimentação de carnes entre os Estados, há oportunidades de se aprofundar os levantamentos de campo para detalhar o autoconsumo de carne nas áreas rurais. Fonte: Cepea. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.