10/Dec/2025
O diretor-geral da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), Willie Walsh, afirmou que os produtores de combustível sustentável de aviação (SAF) têm praticado preços abusivos e explorado o setor aéreo. O executivo atribui o cenário à combinação entre baixa oferta e metas obrigatórias impostas por governos. "Os produtores de SAF estão abusando da posição para extrair dinheiro adicional da indústria da aviação. Estão nos explorando só porque podem", disse durante evento promovido na sede da Iata, em Genebra. Walsh voltou a expressar preocupação com a produção limitada do SAF, enquanto os prazos para ampliação do uso se aproximam.
"O combustível não está sendo produzido no volume que esperávamos e isso é decepcionante. Eu sempre disse que seria caro e difícil, mas o desafio está sendo ainda maior do que o previsto". Segundo o executivo, a combinação de preços elevados e escassez pode levar companhias aéreas a reverem compromissos voluntários de utilização de SAF. "É uma questão difícil, mas não é culpa das empresas, que se comprometeram de boa-fé. Simplesmente não há oferta". O diretor-geral também criticou governos, especialmente europeus, que têm adotado mandatos obrigatórios para o uso do combustível, mesmo sem garantir condições de mercado para viabilizar sua produção. "Se você cria a obrigação de usar um produto que não existe ou tem pouquíssima disponibilidade, é claro que o preço vai disparar", afirmou.
A diminuição do interesse global por pautas ambientais pode atrasar a transição energética da aviação. A avaliação é da economista-chefe e vice-presidente da Associação Internacional de Transporte Aéreo (Iata), Marie Owens. "Há diminuição de interesse e uma espécie de recessão na sustentabilidade. Por isso, o progresso, que já esperávamos ser lento, será mais ainda agora", afirmou. Ainda assim Marie avalia que "nem tudo está perdido". A economista destacou que a produção mundial de SAF segue amplamente concentrada nos Estados Unidos. "A despeito de si mesmos, os Estados Unidos continuam dominando o mercado, porque estenderam os créditos fiscais para SAF, ainda que reduzidos".
Em contraste, avaliou que as políticas europeias não produziram uma resposta de oferta equivalente. Segundo ela, esse descompasso regulatório abre espaço para que Ásia e outras regiões assumam um papel mais relevante. Como exemplo, citou a China, que tem acelerado seus projetos-piloto e ampliado investimentos. "A China já dobrou seus projetos de SAF. Quando eles realmente acelerarem, isso será o tiro de largada para todos. Quando outros países virem a China produzindo toneladas de SAF, vão perceber que, se não fizerem algo, ficarão para trás", afirmou. Fonte: Broadcast Agro.