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27/Nov/2025

Cana: imbróglio entre entidades sobre Consecana

A Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana) voltou a se manifestar em nota contra iniciativas que buscam implementar a revisão do Consecana-SP por meio de "decisões paralelas e unilaterais". O novo posicionamento ocorre dias após a União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) assinar um Memorando de Entendimentos (MOU) com três associações de fornecedores de São Paulo (Assocap, Canasol e Afocapi) sem a participação da entidade que representa a maior parte dos produtores do Estado. Para a Orplana, esses movimentos são conduzidos "sem transparência ao produtor e fora do processo técnico acordado” e comprometem a estabilidade e a previsibilidade do setor, especialmente em um momento de preços mais baixos do açúcar e do ATR.

O MOU firmado pela Unica determina a implementação imediata das revisões técnicas já na safra 2025/2026 e prevê a adesão de outras associações o que, segundo a organização, pode aprofundar a fragmentação entre os produtores. A entidade reagiu às manifestações de que estaria atrasando o andamento da revisão do Consecana. De acordo com a nota, sua atuação sempre se pautou pelo "rigor técnico”, pela "participação ampla dos produtores” e pela defesa de um modelo equilibrado. A Orplana afirma ainda que não teve conhecimento formal das ações paralelas e critica o avanço de decisões tomadas sem debate adequado.

Na última segunda-feira (24/11), durante a cerimônia do MOU em Piracicaba (SP), o presidente da Unica, Evandro Gussi, criticou a postura da Orplana e disse que a revisão deveria avançar com base no estudo técnico realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV). Segundo ele, o documento foi concluído e validado neste ano, mas sua aplicação não progrediu. A Orplana, porém, sustenta que o caminho adotado pelas indústrias provoca “distorção dos valores pagos ao produtor”, perda de referências confiáveis para negociação e aumento da insegurança jurídica, inclusive com risco de criação de uma nova metodologia de validação do ATR.

A entidade afirma que decisões sem o devido debate podem gerar "desalinhamento interno entre associações e produtores” e fragilizar o sistema de remuneração. A organização reforçou, na nota, que o processo de revisão do Consecana está em fase final e que segue aberta ao diálogo, mas avalia que qualquer decisão só será legítima se incluir a “representação plena dos produtores”. A entidade reafirmou ainda seu compromisso com o manual do Consecana-SP e com as recomendações da auditoria independente, afirmando que atua para a construção de um modelo "claro e inclusivo". Fonte: Broadcast Agro.