25/Nov/2025
A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) assinou nesta segunda-feira (24/11) um Memorando de Entendimentos (MOU) com três associações de fornecedores de cana-de-açúcar de São Paulo: a Associação dos Fornecedores de Cana de Capivari (Assocap), a Associação dos Fornecedores de Cana de Araraquara (Canasol) e a Associação dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (Afocapi). O acordo estabelece um arranjo técnico para assegurar a continuidade metodológica na apuração do preço do Açúcar Total Recuperável (ATR) e do valor da tonelada de cana, com aplicação já durante a safra 2025/2026. A assinatura ocorreu sem a participação da Organização de Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), entidade que representa a maior parte dos fornecedores de cana-de-açúcar do Estado e que, dias antes, havia manifestado preocupação com o que chamou de tentativa de fragmentação do setor. Ainda assim, a cerimônia, em Piracicaba (SP), marcou o avanço da Unica na implementação da revisão do Sistema de Remuneração da Tonelada de Cana (Consecana-SP) diante do impasse com a organização.
O memorando determina implementação imediata das revisões técnicas para os produtores das três associações que se enquadrarem nos critérios definidos. Pelo acordo, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esaq/USP foi reiterado como entidade responsável pela apuração, validação e divulgação dos indicadores de preços do açúcar, do etanol e do quilograma do ATR, atuando com plena autonomia operacional. O memorando prevê ainda a possibilidade de adesão de outras associações representativas de produtores rurais que desejem incorporar as premissas estabelecidas. A Unica criticou a postura da Orplana nas tratativas. Segundo a Única, as duas entidades haviam acordado, no ano passado, uma revisão do Consecana baseada em um estudo técnico da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo foi concluído e confirmado oficialmente pela instituição no início deste ano, mas sua aplicação não avançou. A Unica propôs então a retirada do sigilo sobre o estudo da FGV. Os conselheiros da Orplana não conheciam o contrato assinado com a FGV, nem o resultado do estudo.
Na última semana, a Orplana divulgou nota expressando "crescente preocupação com o andamento da revisão do Consecana" e alertando suas associadas sobre os riscos da adoção desse caminho. A entidade criticou o que chamou de tentativa de "construir e firmar acordos paralelos" que poderiam "enfraquecer a unidade dos produtores de cana-de-açúcar". Segundo a Orplana, o modelo proposto restringe o alcance e o impacto da revisão do Consecana, excluindo até 90% dos produtores do processo. O modelo defendido pelas indústrias restringe o alcance e o impacto da revisão, e que, na prática, exclui até 90% dos produtores do processo, afirmou. A organização defende um modelo de aplicação "amplo, transparente e inclusivo, que contemple o maior número possível de produtores". A assinatura do memorando ocorre em um momento desafiador para o setor sucroenergético. Os próximos dois anos não serão fáceis, com a queda do preço do açúcar e do ATR. A Unica espera que, em breve, todas as associações de fornecedores do Estado possam aderir ao acordo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.