19/Nov/2025
O Itaú BBA elevou para 2,4 milhões de toneladas a estimativa de superávit global de açúcar na safra 2025/2026, impulsionado principalmente pelo bom desempenho das lavouras no Hemisfério Norte. A revisão, que antes apontava excedente de 1,7 milhão de toneladas, reforça um cenário de preços pressionados, ainda que próximos da equivalência com o etanol no Brasil. O etanol, convertido em açúcar equivalente, atingiu cerca de 17,00 centavos de dólar por libra-peso em meados de novembro. O nível atual de paridade indica incentivo à migração para a produção de etanol, o que reduziria a oferta de açúcar e poderia levar o mercado global novamente ao déficit, sustentando uma recuperação das cotações. Na Europa, as condições climáticas favoráveis na etapa final do ciclo, somadas a uma janela maior entre plantio e colheita, elevaram a produtividade da beterraba. A estimativa de produção para os países da União Europeia e o Reino Unido subiu para 15,9 milhões de toneladas, adicionando mais oferta ao mercado global.
Será crucial acompanhar as primeiras leituras de produtividade de Índia e Tailândia, previstas entre novembro e dezembro. Apesar de o mercado trabalhar com projeções otimistas após chuvas acima da média nas monções, o avanço da doença da folha branca na Tailândia pode reduzir a oferta. Na Índia, a mudança no programa de etanol frustrou as expectativas. No primeiro leilão para 2025/2026, as petroleiras aceitaram 10 bilhões de litros, mas a participação do etanol de cana caiu de 37% para 28%, enquanto o etanol de grãos subiu para 72%. A consequência é menor desvio de açúcar para etanol: de 4,0 para 3,5 milhões de toneladas. Com isso, a estimativa de produção de açúcar na Índia foi revisada de 31,0 para 31,5 milhões de toneladas. O governo indiano autorizou uma cota de exportação de 1,5 milhão de toneladas para a safra 2025/2026, abaixo das 2 milhões de toneladas pleiteadas pela Associação Indiana de Usinas de Açúcar (Isma) e distante do excedente exportável projetado por algumas tradings.
Além disso, os preços domésticos elevados continuam tirando a competitividade do açúcar indiano no mercado externo: a paridade de exportação está em, aproximadamente, 19,00 centavos de dólar por libra-peso, acima do preço global. Com a queda recente das cotações, países como China e Indonésia, além de refinarias indianas, ampliaram compras de oportunidade. O Brasil registrou em outubro um recorde histórico: 3,6 milhões de toneladas de açúcar bruto exportadas, segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), movimento que tende a reduzir a demanda global nos próximos meses, período em que as vendas se concentram na Ásia, dificultando ainda mais a saída do produto indiano. Os preços internacionais caíram 10,4% em outubro, fechando o mês a 14,43 centavos de dólar por libra-peso. A percepção de forte incremento da oferta global e projeções de recorde de produção brasileira, tanto na safra atual quanto na próxima, reforçaram o sentimento baixista e levaram o açúcar a romper o intervalo entre 15,00 e 17,00 centavos de dólar por libra-peso, mantido por meses. Nos primeiros 14 dias de novembro, porém, houve alta de 3,7%. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.