18/Nov/2025
O setor brasileiro de biocombustíveis apresentou nesta segunda-feira (17/11), durante a COP30, a Carta de Belém, documento que propõe um esforço internacional coordenado para quadruplicar a produção e o uso de combustíveis sustentáveis até 2035, alinhado às recomendações da Agência Internacional de Energia (IEA). A iniciativa marca os 50 anos do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) e foi assinada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Associação Brasileira de Bioenergia (Bioenergia Brasil), Instituto Mobilidade de Baixo Carbono Brasil (Instituto MBCBrasil) e União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica), que liderou a elaboração do texto. A carta aponta que o mundo está atrasado na descarbonização da mobilidade e não cumprirá as metas do Balanço Global sem combinar eletrificação, combustíveis sustentáveis e novas rotas tecnológicas.
O setor usa o Brasil como exemplo de convergência bem-sucedida: após cinco décadas de políticas como o Proálcool e o RenovaBio, o País consolidou uma das matrizes energéticas mais limpas entre grandes economias, com 29% de bioenergia e 20% de outras fontes renováveis, além de 21 mil GWh de bioeletricidade em 2024, equivalente a 4% do consumo nacional. O etanol é uma tecnologia comprovada, escalável e integrada às cadeias produtivas. O Brasil mostrou que é possível descarbonizar enquanto se gera emprego e competitividade. A Carta de Belém traduz esse aprendizado em diretrizes para que outros países possam avançar com segurança e velocidade. O documento também defende que a combinação entre veículos híbridos flexfuel, etanol, biometano e eletricidade é a rota mais eficiente para reduzir emissões rapidamente em países com forte base agrícola e infraestrutura limitada de recarga. A aposta em diferentes tecnologias é o melhor caminho para acelerarmos a descarbonização.
Os biocombustíveis são aliados fundamentais nessa jornada, como já mostra o Brasil, e permitem a redução imediata das emissões. Entre os destaques, a carta reforça o potencial do biometano, apontando que o Brasil poderia produzir até 120 milhões de Nm³ por dia a partir de resíduos agrícolas e urbanos, volume suficiente para substituir 60% do diesel consumido no transporte nacional. O documento classifica o biometano como combustível de baixa ou negativa intensidade de carbono, aplicável ao transporte pesado, à logística, à indústria e, na forma de gás natural liquefeito renovável, à navegação. No plano internacional, o texto ecoa recomendações da IEA, da Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO) e da Organização Marítima Internacional (IMO) sobre o papel crucial dos combustíveis sustentáveis, líquidos, gasosos ou derivados de hidrogênio, na redução de emissões da aviação, navegação e indústria pesada.
Lembra ainda que 70 países já adotam mandatos mínimos de mistura e que a expansão global dessas rotas precisa vir acompanhada de benefícios sociais, como geração de emprego no campo e fortalecimento das cadeias de valor de baixo carbono. A carta estima que a transição energética exigirá US$ 29 a 30 trilhões até 2030 e defende que até US$ 1,3 trilhão sejam direcionados a combustíveis sustentáveis em países em desenvolvimento. O texto apoia o Compromisso de Belém - Belém 4x - e cobra previsibilidade regulatória e financiamento acessível. Para os signatários, a experiência acumulada permite ao Brasil influenciar uma transição global mais rápida e inclusiva, com impacto direto na redução de emissões, segurança energética e geração de oportunidades econômicas. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.