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14/Nov/2025

Empregos com maior impacto na descarbonização

Estudo inédito do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em parceria com a Federação Única dos Petroleiros (Fup) e o Instituto Clima e Sociedade (iCS) mostra que o perfil do trabalhador formal do setor de óleo e gás é heterogêneo, com a maior parte dedicada ao segmento do Comércio (66,5%), seguido pela Petroquímica (11,4%), Exploração & Produção (7,7%), Transformação (5,5%), Refino (4,9) e Transporte (3,9%.). O estudo foi lançado nesta quinta-feira (13/11), em Belém, durante a COP30, como forma de chamar a atenção para o impacto que a transição energética terá no setor. Ao todo o Brasil emprega 802 mil trabalhadores no setor de óleo e gás, o equivalente ao tamanho da população de cidades como São Bernardo do Campo (SP) ou Uberlândia (MG). Essa mão de obra se concentra no eixo Sul-Sudeste (sobretudo nos estados de São Paulo e Rio de Janeiro), e na Bahia. O debate em torno da transição energética justa passa prioritariamente pela questão do trabalho.

Pesquisas como esta são essenciais para se conhecer melhor o trabalhador brasileiro e garantir seus direitos em meio ao processo de mudança para uma economia de baixo carbono. O estudo tem por objetivo fornecer subsídios para a formulação de políticas e estratégias que alinhem a transição energética justa com o futuro do trabalho no setor energético. A representatividade do setor é traduzida ainda na participação de 11% no PIB industrial brasileiro, e na oferta de empregos mais qualificados que a média do conjunto das atividades econômicas do País, ou seja, são postos de trabalho que indicam maior escolaridade, oferecem melhor remuneração e possuem vínculos mais duradouros. Contudo, os dados também revelam grande heterogeneidade entre os segmentos da cadeia de valor do óleo e gás. Ou seja, Exploração e Produção (E&P) e Refino se destacam pela maior qualidade dos seus vínculos de trabalho, além da maior presença de trabalhadores mais velhos e jornadas menores.

O Comércio, o maior empregador da cadeia, é marcado por condições de trabalho muitas vezes piores que a média nacional, com 70% do pessoal ganhando até dois salários-mínimos. A pesquisa observa ainda, uma grande participação da iniciativa privada na cadeia do setor, com exceção do Exploração e Produção (E&P), Refino e Transporte, onde predomina a presença da Petrobrás. Esse segmento é caracterizado pela alta remuneração, com metade da categoria ganhando mais de dez salários-mínimos, com trabalhadores mais velhos e jornadas menores. O Dieese constata também o predomínio da mão de obra masculina na cadeia de valor, superior à média das atividades em nível nacional, e jornadas de trabalho acima de 40 horas semanais, na maior parte dos segmentos do setor. A pesquisa do Dieese/FUP/iCS fez ainda um levantamento da percepção de 116 lideranças sindicais petroleiras sobre a transição energética no Brasil, o futuro do setor de óleo e gás e o aquecimento global.

Para 43,3% dos entrevistados, no caso de redução da produção de óleo e gás no País, em função da transição energética, haverá realocação de empregos em outros setores energéticos. Já 7% avaliam que o destino será o desemprego. Cerca de 75,5% dos entrevistados acreditam que o aquecimento global e as mudanças climáticas são hoje um dos maiores problemas da humanidade. Porém, a mesma proporção de entrevistados acha que o mundo deveria continuar explorando e produzindo mais petróleo e gás natural, até que se desenvolva melhor as alternativas energéticas. Na avaliação de 83% dos líderes sindicais a Margem Equatorial brasileira deve ser explorada. A maior parte das justificativas (47,7%) aponta a necessidade de geração de recursos para o Brasil realizar a transição energética. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.