10/Nov/2025
Em discurso de abertura da Cúpula de Líderes que antecede a Conferência do Clima da ONU (COP30), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu na quinta-feira (06/11), construir um “mapa do caminho” para substituir os combustíveis fósseis e falou em “superar o descasamento entre contexto geopolítico e urgência climática. O governo federal tenta se projetar como mediador das negociações climáticas, num cenário de esvaziamento da agenda verde na comunidade internacional. Na sua fala para outros chefes de Estado, Lula voltou a reivindicar a quantia de US$ 1,3 trilhão (cerca de R$ 6,9 trilhões) para financiar a adaptação climática, sobretudo para os países mais vulneráveis. Essa tem sido uma cobrança histórica de Lula nas COPs, após promessas das nações desenvolvidas de impulsionar o repasse de recursos desde a conferência de 2009.
Mas, não há consenso sobre o montante e de que forma os países ricos podem repassá-lo. O presidente brasileiro afirmou que, para o mundo avançar no combate ao aquecimento global, é preciso superar “descompassos” entre os debates diplomáticos e o mundo real, assim como entre o cenário geopolítico global e a urgência climática. “Rivalidades estratégicas e conflitos armados desviam a atenção e drenam os recursos que deveriam ser canalizados para o enfrentamento do aquecimento global.” Lula mencionou ainda a postura do que chamou de “forças extremistas”, que, segundo ele, veiculam mentiras sobre o tema. “Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais e aprisionar as gerações futuras a um modelo ultrapassado que perpetua disparidades sociais e econômicas e degradação ambiental”, disse, sem citar nomes.
O presidente Lula falou, na sexta-feira (07/11), diretamente sobre o “afastamento” dos combustíveis fósseis, um dos temas mais sensíveis na pauta negociadora da COP30. Ele repetiu a tradicional linguagem diplomática dos países em desenvolvimento sobre o tema, ao defender um processo “ordenado e equitativo” para o fim do uso desses insumos na matriz energética. “Um processo justo, ordenado e equitativo de afastamento dos combustíveis fósseis demanda o acesso a tecnologias e financiamento para os países do Sul Global”, afirmou durante a sessão temática sobre transição energética, no segundo dia da Cúpula do Clima. O governo brasileiro tem batido na tecla sobre a necessidade de recursos arrecadados com a exploração do petróleo para a viabilização de medidas socioambientais.
Ainda neste tema, Lula falou no fim do mês de outubro sobre o papel da Petrobras como uma futura “empresa de energia", em detrimento de um negócio voltado apenas para o setor petrolífero. A fala encontra concordância com discursos da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que vem defendendo maior focalização, das empresas neste setor, em fontes renováveis e limpas. O presidente do Brasil, ao lado de líderes mundiais, também reforçou que há espaço para explorar mecanismos como a troca de dívida por financiamento de iniciativas de mitigação climática e transição energética. A ideia não é nova, mas precisa ganhar escala no mundo, de acordo com os negociadores brasileiros. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.