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06/Nov/2025

Cana: setor mais preparado para cenário desafiador

Segundo o Itaú BBA, as usinas sucroenergéticas estão financeiramente mais preparadas para enfrentar cenários de mercado desafiadores em comparação à última crise do setor, há dez anos. O novo levantamento analisa 48 grupos responsáveis por cerca de 53% da moagem de cana-de-açúcar do Centro-Sul. Segundo o estudo, a relação entre caixa e dívida de curto prazo evoluiu. Cerca de 54% dos grupos analisados mantêm caixa superior a 1,5x a dívida de curto prazo, patamar associado a menores custos financeiros e maior geração de Ebitda. Esses indicadores mostram que o setor entendeu a importância de manter um índice de liquidez confortável e uma dívida mais baixa em um mercado volátil. O foco em governança tem sido um diferencial, permitindo custos financeiros menores mesmo com o cenário macroeconômico desafiador.

No entanto, o mercado passa por um período de virada que exige atenção, ainda que as condições financeiras sejam mais saudáveis. O setor deve iniciar a safra 2026/2027 com índice médio de liquidez de 2,7x, o dobro do observado na safra 2015/2016 (1,3x). A alavancagem (Dívida Líquida/Ebitda) é hoje 51% menor, atingindo 1,8x. A melhoria em governança, gestão de riscos e rentabilidade tem ampliado o acesso a linhas de crédito de longo prazo, a custos mais competitivos, o que reforça a liquidez do setor. As companhias têm buscado linhas de crédito mais estruturadas para investimentos em canaviais, ativos imobilizados e novas aquisições de áreas e usinas. A participação do mercado de capitais na dívida das empresas passou de 13% em 2019 para 27% em 2025, refletindo a melhora na qualidade da carteira de crédito em relação ao período pré-pandemia. No mesmo intervalo, a sua participação na dívida total do setor cresceu de 14% para 20%.

O estudo considera um recorte da carteira do banco, com avaliações financeiras e qualitativas que classificam as usinas em quatro grupos (A, B, C e D). As empresas do Grupo A apresentam melhor saúde financeira e governança, enquanto as do Grupo D são as que ainda enfrentam maiores desafios ou têm espaço para aprimorar a gestão. Nos últimos seis ciclos, há uma migração gradual das usinas para grupos mais bem posicionados, impulsionada por preços favoráveis de açúcar e etanol. Apenas uma das 12 usinas do Grupo D permaneceu nessa categoria. Outras três deixaram o portfólio do banco e, portanto, não foram consideradas no levantamento mais recente. Em relatório divulgado em outubro de 2024, o Itaú BBA apontava tendência de redução do endividamento, em um contexto de preços ainda favoráveis. Desde então, o cenário se alterou, resultando em aumento do endividamento bancário para R$ 161,00 por tonelada na safra 2025/2026.

O movimento é explicado pela queda no preço do açúcar, o custo mais alto da dívida, operações de fusões e aquisições e investimentos em expansão, como irrigação, biogás e maquinário agrícola. As aplicações realizadas foram superiores ao que foi inicialmente projetado, o que levou a um pico de alavancagem na safra atual. Mas, os aportes foram feitos com linhas de longo prazo, o que dá maior previsibilidade financeira. Normalmente, as aquisições de canaviais próximos às usinas geram ganhos de escala e redução de custos logísticos. O setor entra agora em um período que exige cautela para novos investimentos em expansão, considerando a pressão sobre preços e custos financeiros. Ainda assim, observa-se maior uso de instrumentos de hedge, o que pode proteger margens e contribuir para reduzir a alavancagem na safra 2026/2027 caso haja recuperação no preço do açúcar. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.