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21/Oct/2025

Margem Equatorial: recomposição das reservas

A confirmação da existência de petróleo na parte brasileira da Margem Equatorial será um alívio para a Petrobras, que precisa recompor suas reservas, além de indicar uma injeção de investimentos em uma das regiões mais pobres do País, a Região Norte. A estimativa da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) é de que possam existir 30 bilhões de barris de óleo equivalente (boe) na região, mas ainda restam muitas etapas até que a nova fronteira seja confirmada. O poço pioneiro Morpho, no bloco FZA-M-59, que será explorado pela estatal, fica a 175 quilômetros da costa do Amapá, Estado vizinho à Guiana e ao Suriname, países que encontraram reservatórios gigantes na Margem Equatorial. O primeiro pedido para explorar o bloco foi feito pela BP, em 2014.

A companhia abandonou o projeto em 2021, e desde então ele passou a ser comandado pela Petrobras. A previsão da estatal é de que a perfuração, iniciada imediatamente após a concessão da licença, dure cerca de cinco meses. Se confirmada a existência dos reservatórios, a produção poderia começar em seis anos, quando está previsto o declínio dos poços do pré-sal, que hoje sustentam a produção da Petrobras, após o declínio da bacia de Campos. A previsão é obter excelentes resultados nessa pesquisa e comprovar a existência de petróleo na porção brasileira dessa nova fronteira energética mundial, afirmou a presidente da Petrobras, Magda Chambriard. A executiva ressaltou recentemente que a descoberta nem sempre ocorre no primeiro poço. Por isso, mais três perfurações estão programadas.

Para a PUC-Rio, a concessão da licença foi um passo importante para o País ter o direito de verificar se existe potencial petrolífero significativo na parte brasileira da Margem Equatorial. Há descobertas na Guiana e no Suriname de classe mundial em reservas gigantes, e não seria justo para o Brasil não poder nem saber se existe ou não essa riqueza. A partir dessas descobertas, o Brasil saberá se é conveniente desenvolver essas reservas, e isso vai depender do volume dessas descobertas. A notícia da concessão da licença dissipou a incerteza regulatória que pairava sobre a estatal, avaliou a Ativa Investimentos. As ações da empresa chegaram a passar do terreno negativo para o positivo, mas cederam por causa da queda do preço do petróleo.

O impacto só não foi maior porque os ganhos no caixa da companhia virão apenas no longo prazo. Embora o evento ainda não implique mudanças de curto prazo em produção ou fluxo de caixa, é positivo para as ações da Petrobras, pois marca o início de uma nova fase de exploração em uma das últimas fronteiras geológicas inexploradas do País. As reservas provadas da companhia atualmente têm horizonte estimado de cerca de 10 anos, tornando a abertura dessa nova frente estratégica para o longo prazo. O Itaú BBA observou que, apesar de a concessão da licença ser positiva, continua sendo um desafio avaliar sua relevância para a tese de investimento de longo prazo da Petrobras.

Exemplos históricos como Tupi e Búzios demonstram que, mesmo após as descobertas iniciais, podem ser necessários anos de avaliação, testes e investimentos significativos para confirmar o potencial do reservatório e declarar a comercialidade. Para o Instituto Brasileiro do Petróleo e Gás Natural (IBP), a exploração da Margem Equatorial pode trazer benefícios socioeconômicos para o País. A projeção é de um aumento significativo da arrecadação de royalties, participações especiais e tributos, hoje na ordem de R$ 300 bilhões por ano, que poderão ser investidos em políticas públicas essenciais para o Brasil. Esta é uma decisão importante que permitirá ao País conhecer melhor o potencial de suas reservas, apoiando a segurança energética e o desenvolvimento socioeconômico da Região Norte.

Da mesma opinião compartilha a Federação Única dos Petroleiros (Fup), que vê nas atividades da Petrobras no Amapá uma oportunidade para desenvolver a região. Porém, a riqueza gerada precisa ajudar na proteção da Floresta Amazônica, da Mata Atlântica, da Caatinga e em projetos genuinamente socioambientais, que sejam feitos em parceria e diálogo com as comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, povos originários e trabalhadores. Às vésperas da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP30), em Belém, no Pará, os recursos da produção na Margem Equatorial serão fundamentais para financiar a transição energética. A opinião diverge da de organizações ambientais, que já programam uma ação civil pública na Justiça Federal contra a concessão da licença, chamada pelo Greenpeace de "um boicote contra a COP30". Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.