20/Oct/2025
No menor nível de preço desde a abertura de capital, em agosto de 2021, os papéis da Raízen inverteram o sinal negativo da primeira etapa do pregão de sexta-feira (17/10), renovaram a máxima de R$ 0,90, com salto de 5,88%. O movimento, contudo, ainda não é forte o suficiente para levar a cotação do papel acima de R$ 1,00, nível que não alcança há dez pregões. Se esse patamar de preço persistir por 30 pregões consecutivos, cresce o risco de o papel se tornar uma penny stock, ou seja, ações negociadas a preço de centavos. Essa condição pode inclusive levar a Raízen a ser alvo de restrições da B3 e ser excluída de índices como o Ibovespa. Para a L4 Capital, a estrutura de capital desbalanceada pode levar o papel a essa classificação. O cenário de dívida vai ficar difícil por um tempo longo. A Fatorial Investimentos segue a mesma linha.
A ação da Raízen está "extremamente pressionada" pelo endividamento com margens apertadas, que dificultam ainda mais a geração de receitas. A Raízen precisa desalavancar para ter algum gatilho. A alta de sexta-feira (17/10) pode ter sido influenciada pelo vencimento do exercício de opções sobre ações e pela cobertura de posições vendidas. O JPMorgan reconhece que Raízen está entre as empresas com mais de 20% de ações alugadas, o que indica pressão de venda relevante no curto prazo e aumenta o risco de "short squeeze", termo em inglês que indica um desmonte forçado de posições vendidas. Ou seja, se houver um movimento positivo no preço ou notícias favoráveis, os vendidos podem ser forçados a recomprar ações, impulsionando a cotação rapidamente. O banco norte-americano, por sua vez, continua vendo a ação como "boa oportunidade", mesmo com o ambiente de volatilidade e "short interest" elevado.
No dia 10 de outubro, a Raízen negou que estaria considerando qualquer forma de reestruturação de dívida ou pedido de recuperação judicial ou extrajudicial. A companhia ressaltou, por meio de fato relevante, que mantém posição robusta de caixa, com R$ 15,7 bilhões em disponibilidades ao final do primeiro trimestre 2025-26 e R$ 5,5 bilhões (US$ 1,0 bilhão) em linhas comprometidas de crédito rotativo (RCF) disponíveis. O posicionamento não empolgou o mercado. Em um mês, o papel acumula perdas de quase 35%, ampliando a queda para quase 60% no acumulado de 2025. Os bonds da companhia caíram a níveis que chamam a atenção dos investidores devido à percepção de que a empresa está queimando caixa rapidamente e de que o aporte de R$ 10 bilhões feito na controladora Cosan pode não ser suficiente para a empresa de energia renovável do grupo. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.