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13/Oct/2025

Carro Elétrico: BYD aposta em crescimento no País

Vice-presidente da BYD do Brasil desde julho de 2024, Alexandre Baldy tem motivos para comemorar. Em menos de três anos, a fabricante chinesa de veículos eletrificados vendeu mais de 150 mil unidades no País e foi apontada como a mais bem avaliada pelos clientes. Além disso, o elétrico Dolphin Mini, seu modelo de entrada no mercado brasileiro, teve menor desvalorização do que o Volkswagen Polo. Agora, Baldy celebra a vinda da divisão de luxo Denza e de um supercarro de US$ 2,5 milhões, além de anunciar o primeiro lote de modelos da fábrica de Camaçari (BA). "A BYD será a maior marca de veículos do Brasil até 2030", diz. A fábrica da montadora chinesa foi inaugurada oficialmente no dia 9 de outubro, nas instalações que antes pertenciam à Ford. Durante o evento, que contou com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o CEO da BYD, Wang Chuanfu, anunciou o compromisso de alcançar um volume de 600 mil automóveis por ano. Além de assumir a liderança do mercado em cinco anos, a empresa almeja estar entre as três maiores montadoras do País até 2028.

A unidade arranca com capacidade instalada de 150 mil veículos por ano e 1.500 funcionários. A estratégia de expansão da empresa aposta na ampliação da oferta de produtos de grande volume de vendas, como uma futura picape rival da Fiat Toro, e em veículos de alto valor agregado, caso da linha Denza. Baldy conta que a marca terá concessionárias próprias, inclusive de grupos que não fazem parte da atual rede da BYD, com padrão de atendimento e lojas exclusivas. "A Denza foi criada em 2011, fruto de uma parceria entre a BYD e a Mercedes-Benz, com foco em carros de luxo", diz. A nova marca também trará o SUV B5. A expectativa é de que o preço fique acima dos R$ 500 mil. Outra iniciativa que indica o movimento da BYD para se aproximar do público mais abastado será a vinda do U9 Xtreme, da divisão de esportivos Yangwang. A versão de topo do supercarro com quatro motores elétricos, cuja velocidade máxima beira 500 Km/h, terá apenas uma unidade no País. "Em outubro, vamos escolher quem poderá comprar o carro", diz Baldy.

Ele não quis falar sobre valores, mas fontes ligadas à empresa dizem que a novidade não sairá por menos de US$ 2,5 milhões, ou, R$ 13,3 milhões, na conversão direta. Segundo o executivo, a BYD revolucionou o mercado de veículos no Brasil. Ele diz que em 2022 a empresa vendeu cerca de 200 veículos aqui. Em 2024, foram 77 mil. "Com o lançamento do elétrico Dolphin (em meados de 2023, por R$ 149,8 mil), os preços começaram a cair." Conforme o executivo, os resultados já podem ser vistos. Ele cita o levantamento da Decoupling, focada em análises de mercado. Feita no primeiro trimestre de 2025, a pesquisa aponta a BYD como a marca com os consumidores mais satisfeitos no País, entre as 12 marcas que mais vendem aqui. Um estudo da Mobiauto ainda revelou que, de agosto de 2024 a agosto deste ano, a desvalorização do Dolphin Mini foi de 7,8%, bem menor que os 17% do Volkswagen Polo, carro de passeio mais vendido em 2024. Baldy destaca a aposta da BYD na produção nacional no antigo complexo da Ford, em Camaçari, na Bahia, para comprovar o compromisso de longo prazo no País.

"Nesta primeira fase de implantação, a área construída chega a 270 mil m², quase o total usado pela empresa anterior, de 330 mil m²", diz o executivo. "Inicialmente, vamos fazer o elétrico Dolphin Mini, o Song Pro e o King (híbridos)." Por ora, o trio será montado com peças vindas da China. Isso, aliás, gerou um embate entre a BYD e as marcas que fazem parte da Anfavea, associação das fabricantes que estão no Brasil há mais tempo. A chinesa pediu ao governo a redução do imposto de importação de kits CKD (totalmente desmontados) e SKD (parcialmente montados) da China por três anos. Por sua vez, a Anfavea defendia a volta imediata da taxa de importação de 35%. Isso desencadeou uma troca de farpas públicas entre as duas partes. As veteranas se queixavam de um suposto pacote de benefícios do governo aos chineses. A BYD respondeu chamando essas empresas de "dinossauros". No fim, o governo federal adotou uma solução intermediária. De um lado criou cotas de importação sem imposto para os kits CKD e SKD. Por outro, reduziu em 18 meses o cronograma de retomada da alíquota de 35%.

Atualmente, o Brasil é o maior comprador do mundo de veículos fabricados na China. E pode se tornar um hub de produção das marcas chinesas na região. A fábrica da GWM, em Iracemápolis (SP), já está fazendo veículos em sistema de pré-série. As primeiras unidades feitas no País devem chegar às lojas em novembro. Em Anápolis (GO), o Grupo Caoa produz veículos da Chery e logo fará modelos da Changan, que voltará ao País com a marca Avatr. Rogelio Golfarb, especialista em estratégia empresarial e mentoria para executivos que já foi presidente da Anfavea e vice-presidente da Ford, diz que o carro chinês chegou ao País para se tornar referência em eletrificação. "Com design contemporâneo e soluções avançadas de conectividade, eles mudaram a percepção do público." Embora tenha ganhado os holofotes nos últimos três anos, a BYD está no Brasil há cerca de uma década. Inicialmente, os veículos comerciais, como ônibus, caminhões e vans elétricos, bem como placas de painéis fotovoltaicos, eram o foco da empresa. Porém, no fim de 2021 a filial da empresa no País começou a apostar em carros de passeio. Atualmente, a BYD é a marca com a maior oferta de carros eletrificados do Brasil. São oito modelos 100% elétricos e cinco opções de híbridos. Fonte: Broadcast Agro.