17/Sep/2025

A NetZero, produtora de biochar, condicionador de solo obtido do carbono contido em resíduos agrícolas, iniciou a construção de sua primeira planta dedicada à cana-de-açúcar no Brasil. Localizada em Campina Verde (MG), a unidade receberá investimento de cerca de R$ 15 milhões e tem inauguração prevista para fevereiro de 2026. O projeto marca a diversificação da companhia, que já atua na produção de biochar a partir de resíduos do café. A nova fábrica terá capacidade de 4 mil toneladas anuais. A escolha pela cana-de-açúcar é estratégica, pela importância da cultura e por sua forte presença no Brasil. A cana-de-açúcar é a maior cultura do mundo, e o Brasil responde por cerca de 40% dessa produção. Se a empresa mostrar que o biochar funciona tanto no café, com pequenos produtores, quanto na cana-de-açúcar, com grandes grupos altamente profissionalizados, será provado que o modelo é flexível e pode se adaptar a qualquer contexto.

A planta utilizará dois tipos de insumos: a palha de cana-de-açúcar, fornecida pela Brunozzi Agropecuária, e o bagaço resultante da moagem em usinas da região de Campina Verde, situada no Triângulo Mineiro (MG). Os mesmos produtores que fornecem a biomassa também serão os usuários do biochar, em um modelo de economia circular. Para a NetZero, o projeto também é uma vitrine tecnológica. Foi mais de um ano de testes agronômicos com a Brunozzi e foi registrado ganhos de mais de 20% na produtividade, além de maior resiliência em períodos de seca, já que o biochar melhora a retenção de água no solo. Do ponto de vista ambiental, cada unidade de cana-de-açúcar poderá remover cerca de 7 mil toneladas de CO2 por ano, acima das 6 mil toneladas das plantas de café. Na cana-de-açúcar, é possível expandir bastante, porque há muito mais resíduo disponível. O Gen2 é modular: começou com 4 mil toneladas e pode adicionar novos módulos no mesmo local.

A NetZero já opera quatro plantas de biochar a partir de café, todas com capacidade de 4 mil toneladas cada, somando 16 mil toneladas anuais. Com a fábrica de Campina Verde, o volume sobe para 20 mil toneladas, apenas dois anos após a inauguração da primeira unidade. O investimento tem retorno esperado em prazo de médio a longo, compatível com projetos industriais. Essa planta tem dois objetivos: ser a primeira unidade comercial em escala na cana-de-açúcar e servir de vitrine para outros produtores. A companhia também pretende registrar créditos de carbono associados à produção de biochar na cana-de-açúcar, assim como já faz no café. A empresa será uma das primeiras no mundo a produzir biochar de cana-de-açúcar em escala. Isso dá uma vantagem de pioneirismo para fechar parcerias com outros players. No médio prazo, a estratégia de expansão deve alcançar os maiores polos de cana-de-açúcar no País. Além de Minas Gerais, a empresa já está explorando oportunidades em São Paulo e Goiás. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.