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12/Sep/2025

Açúcar: fundos e oferta do Brasil pressionam preços

A pressão dos fundos e a expectativa de maior oferta do Brasil ao longo das próximas semanas são hoje as principais forças por trás dos preços deprimidos do açúcar demerara no mercado global. O cenário contrasta com o de um ano atrás, quando investidores reagiam à incerteza provocada pelos incêndios em canaviais do Centro-Sul. Naquele momento, os contratos chegaram aos 20,00 centavos de dólar por libra-peso, nível improvável para as próximas sessões, a menos que ocorram problemas em grandes países produtores como Índia e Tailândia. Se isso não ocorrer, o patamar atual, de 16,00 centavos de dólar por libra-peso, deve prevalecer. A queda tem forte componente financeiro. Quem levou os preços a esse patamar foram os fundos, que operam puramente pela lógica financeira, sem compromisso com os fundamentos produtivos.

No último mês, fundos e especuladores ampliaram suas posições de venda líquida na Bolsa de Nova York ao maior nível desde novembro de 2019. O custo de produção no Brasil vai de 15,60 a 15,80 centavos de dólar por libra-peso, enquanto na Índia e na Tailândia ficam em 18,00 e 19,00 centavos de dólar por libra-peso. A margem está muito apertada, mas os fundos não olham para isso. Só vão se preocupar quando houver risco de queda na produção. Destaque também para a forte oferta do Brasil. As usinas têm priorizado a fabricação de açúcar, elevando o mix de produção para 55% na primeira quinzena de agosto, recorde histórico no Centro-Sul. Pela primeira vez, a região terá uma safra com mais de 50% do mix destinado ao açúcar. A expectativa é de que o mix continue em nível historicamente alto e que a produção possa ser de 40,5 milhões de toneladas ou mais.

No próximo ano, a safra pode ficar entre 630 e 640 milhões de toneladas de cana-de-açúcar e, portanto, um aumento do açúcar para 42,5 a 43 milhões de toneladas. No lado da demanda, o primeiro semestre foi marcado por retração, o que também ajudou a pressionar a cotação. Os fundamentos eram de demanda fraca no físico, mercados bem abastecidos e importações reduzidas. A China e países do Norte da África voltaram às compras no segundo semestre, mas Indonésia e Egito seguem fora. O importador tem controlado o mercado. Mesmo num cenário de déficit global, estão comprando devagar, usando estoques acumulados do ano passado e esperando o preço cair. A China, por exemplo, voltou a importar volumes fortes, perto de 800 mil toneladas em julho, e mesmo assim os preços não subiram. O mercado atual não reflete completamente os fundamentos. O preço estava em 19,60 centavos de dólar por libra-peso há um ano, quando se esperava um leve superávit para 2024/2025, mas isso se transformou em um déficit de 4 milhões de toneladas.

Ainda assim, a safra 2025/2026 pode gerar um superávit de 2 milhões de toneladas. Não é realmente excepcional, mas reforça a visão de maior produção à frente, especialmente no Brasil, Índia e Tailândia. Fatores climáticos podem mudar o quadro a partir de outubro, com o início da safra global 2025/2026 e a entressafra no Centro-Sul. As chuvas recentes na Índia mudaram a percepção: em julho houve déficit, mas em agosto choveu muito bem. Se setembro e outubro forem secos, será uma safra excelente. Só uma chuva forte agora poderia atrapalhar a moagem e atrasar exportações. Preços persistentemente baixos podem desestimular o setor. Cotações de 16,00 centavos de dólar por libra-peso ou abaixo vão prejudicar o cuidado com a cana-de-açúcar e as ideias de expansão. Isso pode levar produtores a migrarem para outras culturas. Na Tailândia, os produtores podem voltar para a mandioca. E, na Europa, o mesmo pode ocorrer com os produtores de beterraba. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.