15/Aug/2025
A Jalles Machado, companhia do setor sucroenergético, registrou prejuízo líquido de R$ 14 milhões no primeiro trimestre do ano fiscal 2025/26, encerrado em 30 de junho. O resultado representou alta de 483% ante o prejuízo de R$ 2,4 milhões em igual período do ano fiscal anterior. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado ficou 10,5% acima na mesma comparação, tendo avançado de R$ 243,9 milhões para R$ 269,6 milhões. Já a receita líquida cresceu 25,9%, para R$ 505,1 milhões, ante os R$ 401,3 milhões reportados há um ano. A Jalles Machado processou 2,842 milhões de toneladas de cana-de-açúcar no trimestre, 10% menos do que no primeiro trimestre da safra anterior (3,160 milhões de toneladas). A produção de açúcar subiu 12,5% na mesma comparação, de 135,2 mil toneladas para 152,0 mil toneladas.
O açúcar orgânico, especialidade da empresa, representou 25,1 mil toneladas (alta de 21,6%); o branco, 76,5 mil toneladas (-21%), e o VHP, que costuma ser destinado à exportação, 49,4 mil toneladas (+193,9%). O etanol produzido somou 103 milhões de litros, queda de 28,6% na comparação anual. A produção do biocombustível anidro recuou 8,4% no período, para 32,1 milhões de litros, enquanto a do hidratado caiu 12,5% na Usina Otávio Lage, a 33 milhões de litros. A Usina Santa Vitória produziu 36,8 milhões de litros, queda de 48,6%, e a Jalles Machado, 1,1 milhão de litros. O mix ficou em 52,3% para etanol e 47,7% para o açúcar, ante 63,3% e 36,7%, respectivamente, em igual período de 2024. A Jalles Machado anunciou ter comercializado 226,1 mil toneladas de ATR, alta anual de 15,3%, e 91,1 mil toneladas de açúcar, avanço de 19,4%. Já as vendas de etanol avançaram 12,3%, para 76,9 milhões de litros.
A Jalles Machado revisou para baixo suas projeções para a safra 2025/2026, indicando uma moagem de 7,518 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, queda de 4,5% em relação aos 7,868 milhões de toneladas processadas no ciclo anterior e de 6,4% frente ao guidance original divulgado para o período. A produtividade também foi ajustada, passando de 83 toneladas por hectare para 79,8 toneladas por hectare, redução de 3,9% em relação à previsão inicial e de 5,6% ante as 84,5 toneladas por hectare registradas em 2024/2025. A capacidade de produção estimada recuou de 88,3% para 83,5%, 4,8 pontos porcentuais abaixo do guidance original e inferior aos 87,4% da temporada passada. O mix de produção ainda prevê maior participação do açúcar, mas com ajuste: a projeção caiu de 54% para 51,8%, frente a 44,6% no último ciclo. Já o etanol, estimado anteriormente em 46% do mix, passou para 40,2%, contra 55,4% em 2024/2025. O Açúcar Total Recuperável (ATR) médio também foi revisto para baixo, passando de 139,9 Kg por tonelada para 137,7 Kg por tonelada, 1,6% inferior à projeção original e abaixo dos 138,6 Kg por toneladas obtidos na safra anterior.
A Jalles informou, em fato relevante, que as tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos sobre produtos agrícolas brasileiros, incluindo o açúcar orgânico, devem gerar perda financeira entre R$ 20 milhões e R$ 25 milhões para a companhia. As medidas, previstas na ordem executiva anunciada pelo governo norte-americano em 9 de julho, entraram em vigor em 6 de agosto de 2025. Segundo a empresa, a taxação reduz a competitividade do açúcar orgânico brasileiro no mercado norte-americano, obrigando a reclassificação de 15 mil a 20 mil toneladas que seriam exportadas para os Estados Unidos como açúcar cristal para o mercado interno, de menor valor agregado. A companhia afirmou que segue "avaliando alternativas estratégicas e comerciais que permitam mitigar os efeitos da medida tarifária sobre suas operações, ao mesmo tempo em que mantém o foco na excelência operacional e na disciplina de execução, mesmo diante de um ambiente geopolítico mais desafiador". Fonte: Broadcast Agro.