ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

01/Aug/2025

Carro Elétrico: montadoras e BYD trocam acusações

As montadoras estabelecidas no Brasil e a chinesa BYD, que está iniciando operações no País, trocaram acusações públicas esta semana, por causa de um pedido de redução de Imposto de Importação feito pela marca chinesa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A BYD pediu ao governo federal, em fevereiro, a redução de Imposto de Importação para automóveis semimontados (SKD, da sigla em inglês para Semi Knocked Down) e desmontados (CKD, Completely Knocked Down) de 20% para 10% no caso dos carros híbridos e de 18% para 5% no caso dos veículos elétricos. Em resposta, os presidentes da Volkswagen, Toyota, Stellantis (que reúne marcas como Fiat, Peugeot e Jeep) e General Motors (que é dona da Chevrolet) enviaram uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestando contrariedade ao pacote de benefícios a favor da montadora chinesa. Na carta, as montadoras disseram que tais benefícios prejudicariam o crescimento do setor automotivo, trariam um “legado de desemprego” e diminuiriam o valor agregado no processo produtivo nacional.

Em resposta, a marca chinesa, que iniciou as operações na fábrica em Camaçari, na Bahia, no final de junho, divulgou um comunicado na quarta-feira (31/07) intitulado “Por que a BYD incomoda tanto?”, afirmando que trouxe carros tecnológicos, sustentáveis e mais acessíveis para o Brasil e foi atacada por concorrentes obsoletos. No comunicado, a fabricante de automóveis chinesa afirma que as quatro montadoras enviaram uma carta conjunta “implorando” para o presidente Lula “abortar a inovação”. “Assinada por representantes da Toyota, Stellantis, Volkswagen e General Motors, a carta tem o tom dramático de quem acaba de ver um meteoro no céu”, diz. A BYD ainda se referiu às montadoras como “dinossauros”. “Agora, chega uma empresa chinesa que acelera fábrica, baixa preço e coloca carro elétrico na garagem da classe média, e os dinossauros surtam.” “O presidente deveria ouvir essas cartas, e usá-las como prova de que está no caminho certo. Porque, se os dinossauros estão gritando, é sinal de que o meteoro está funcionando”, acrescentou no final.

O texto também cita a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e diz que as ameaças de demissão em massa e fechamento de fábricas são “uma espécie de chantagem emocional com verniz corporativo, repetida há décadas pelos barões da indústria para proteger um modelo de negócio que deixou o consumidor brasileiro como último da fila da modernidade”. A Anfavea afirmou que a indústria automotiva brasileira irá rever a projeção de até R$ 180 bilhões em investimentos, se o pacote de benefícios a favor das fabricantes chinesas de automóveis for adotado. Esses recursos (programados até 2030) são absolutamente importantes para o País, no sentido de agregar o valor à produção nacional, que não é uma mera montagem. A entidade reclamou da “importação maciça” de veículos que já vêm ocorrendo no País. Foram 228 mil emplacamentos somente neste ano. A indústria automotiva nacional já enfrenta queda de 6,5% na produção nos primeiros seis meses deste ano e redução de 10% na venda do varejo, na comparação com o ano passado.

Presidente da Volkswagen do Brasil, Ciro Possobom é um dos signatários da carta enviada ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva alertando sobre os riscos do chamado pacote pró-China no setor de veículos. O executivo diz que não se trata de beneficiar essa ou aquela empresa. É uma questão de isonomia. Segundo Possobom, caso o pedido feito ao governo pela chinesa BYD para reduzir o imposto de importação de carros semimontados for aprovado, haverá um grande impacto ao País. Isso inclui perda de empregos, bem como capacidade de o País manter a imagem de local seguro para investimentos. É difícil explicar o porquê de as regras mudarem no meio do jogo. De acordo com ele, um dos impactos diretos poderá ser a revisão de novos investimentos. Possobom lembra que o grupo está investindo R$ 20 bilhões na América do Sul até 2028, sendo a maior parte no Brasil. O setor precisa de previsibilidade. Não é contra a concorrência, mas é preciso haver isonomia. O Brasil deveria privilegiar empresas que investem no País. O impacto negativo pode afetar outros setores ligados à produção de veículos, como fabricantes de autopeças. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.