ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

31/Jul/2025

Combustíveis: incertezas com taxa de 50% dos EUA

Preocupação e cautela. É assim que a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) define a situação do setor às vésperas da possível taxação de 50% dos produtos brasileiros importados pelos Estados Unidos. Até agora, só existem incertezas. Primeiro não se sabe se vai ter taxação, se vai ser 50%, se vai ser sobre todos os produtos, se vai ter reciprocidade do Brasil. Em abril, os combustíveis ficaram de fora. Com oito cenários sobre as possibilidades que poderão ocorrer a partir do dia 1º de agosto, a única certeza é que sem o diesel russo pode haver problemas de abastecimento no mundo. O desconto do produto, que hoje está em torno dos 2%, devido ao aumento da demanda interna da Rússia, deveria voltar ao patamar dos 15% em setembro, quando a demanda russa arrefece, voltando a ficar atrativo. Por cautela, poucos navios no Brasil com produtos importados estão previstos para agosto.

Em julho, foram 1,4 bilhão de litros importados de diesel pelo País. Para o próximo mês, a previsão, até o momento, é de apenas 260 milhões de litros. O Brasil importa cerca de 30% de todo o diesel que consome, enquanto a gasolina tem uma dependência menor, de menos de 10%. No primeiro trimestre deste ano, por exemplo, a Petrobras importou em média 3 mil barris por dia de gasolina e 122 mil barris por dia de diesel. Geralmente, no fim do mês, já se vê a previsão para o mês seguinte de pelo menos metade do que vai ser importado. Mas, por cautela, até o momento o volume é bem baixo. A Petrobras, maior agente do setor de petróleo e gás no Brasil, não importa diesel russo. O aumento da importação de diesel pela estatal, da ordem de 229,7% em relação há um ano, nada tem a ver com a possível taxação dos Estados Unidos, mas pela parada de refinarias para manutenção.

Também a Vibra, que trouxe cargas de diesel norte-americano em julho, fez o movimento mais pelo custo do que à antecipação da compra. A decisão da Vibra não foi por problema de sanção. Pode ter migrado para reduzir a exposição ao diesel russo, mas o fato mesmo é o custo. A carga russa leva 40 dias para chegar ao Brasil, enquanto o diesel norte-americano demora 15 dias. A decisão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), de ameaçar com taxações de 100% para países que compram gás e petróleo da Rússia, teria um impacto bem maior para o Brasil e para países como Índia e China, o que seria um grande problema. Se o Brasil não comprar produtos da Rússia vai ficar complicado.

Pode voltar a comprar dos Estados Unidos, mas não tem tanta disponibilidade. Se tiver tarifa da Otan, a importação da Rússia fica inviabilizada, e será preciso buscar Arábia Saudita, Emirados Árabes, Kuwait, Catar, onde a logística é mais difícil. Um eventual encarecimento dos combustíveis no mercado internacional pode deixar a Petrobras em uma situação complicada, porque dificilmente poderá repassar a diferença para o consumidor final. Se acontecer o pior cenário, de taxação e reciprocidade para o diesel norte-americano, a Petrobras deve buscar o Oriente Médio, não vai poder comprar diesel russo porque tem ações na Bolsa de Nova York e ficaria muito exposta a sanções, vai ter que fazer mais esforço. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.