28/Jul/2025
A indústria de açúcar da Região Nordeste quer a preservação da cota de açúcar isenta de imposto a ser exportada para os Estados Unidos. As usinas pedem ao governo que a cota seja mantida durante as negociações tarifárias entre Brasil e Estados Unidos. O pedido foi apresentado pelo Sindicato da Indústria do Açúcar no Estado de Pernambuco (Sindaçúcar/PE) e pela Associação dos Produtores de Açúcar, Etanol e Bioenergia (NovaBio) ao vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin e ao ministro da Agricultura, Carlos Fávaro. A cota é estipulada anualmente pelos Estados Unidos para compra de aproximadamente 1,1 milhão de toneladas de açúcar no exterior e distribuída a 139 países, em um sistema que funciona há duas décadas.
A Região Nordeste exporta em torno de 150 mil toneladas por ano de açúcar sem alíquota de importação aos Estados Unidos, podendo chegar entre 180 mil e 190 mil toneladas por ano em caso de remanejamento do volume entre os exportadores. E é atendido sobretudo pelas usinas do Nordeste. É um mercado muito importante, que gera 270 mil trabalhos formais e exportações que podem chegar a US$ 200 milhões em divisas. Fora da cota, as exportações de açúcar aos Estados Unidos chegam ao país com tarifas de 80%. A sobretaxa adicional de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sobre produtos importados brasileiros vai tornar inviáveis os embarques de açúcar pelas indústrias da Região Nordeste.
Há preocupação porque deve haver novo anúncio dessas cotas em meados de agosto, em virtude da safra norte-americana, e o Brasil geralmente é a segunda maior fatia. Tecnicamente, o Brasil tem muitos argumentos para tentar nivelar essas negociações, inclusive porque há superávit comercial dos Estados Unidos com o Brasil. Em relação ao etanol norte-americano, que chega sobretudo nas distribuidoras no Nordeste em virtude da proximidade logística, a indústria da região defende a manutenção da tarifa de 18% em relação ao produto. Sem a alíquota, as distribuidoras importavam volume expressivo do biocombustível norte-americano, de até 2 bilhões de litros por ano.
A Região Nordeste produz 2,3 bilhões de etanol por safra. Uma tarifa menor que 18%, como já foi isenta em alguns anos, prejudicava muito a indústria local. As entidades classificam a atuação do governo brasileiro nas tratativas com o governo norte-americano como "sensata". Nunca houve pausas nas conversas técnicas. O diálogo sempre foi contínuo e agora essas questões políticas foram inesperadas e veio uma tarifa de 50% de forma intimidatória. É preciso que haja um entendimento técnico para avanço nas negociações. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.