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14/Jul/2025

Entrevista com Ricardo Mussa - chair da SB COP30

Ex-presidente da Raízen, Ricardo Mussa passou a ser a voz do setor privado para a COP30, a conferência da ONU sobre mudanças climáticas que acontece em Belém em novembro. Desde março, Mussa é o chair da Sustainable Business COP30 (SB COP), uma iniciativa liderada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) para o setor privado influenciar as decisões que serão tomadas na COP. Para o executivo, abandonar o uso do petróleo é um desafio "enorme". A transição energética, afirma, deveria começar com ganhos de eficiência, "baixando a redução da própria emissão do fóssil", por exemplo. Segue a entrevista:

Muitas empresas não adotam medidas que favorecem a redução das emissões. Ao contrário. O setor de petróleo é um exemplo. Considerando isso, como a SB COP vai atuar para ajudar no combate ao aquecimento global?

Ricardo Mussa: É muito difícil fugir da discussão de que essa é uma transição. O primeiro ponto é que precisamos de um caminho para chegar lá. Não dá para achar que vamos acabar com os fósseis no ano que vem. Segundo, a solução do problema está na inovação. O Brasil, cinco anos atrás, já tinha uma matriz energética renovável. Aí veio a energia solar, que hoje já é mais de 25% da matriz brasileira. Isso mostra que conseguimos fazer a migração com inovação. Tem coisas boas acontecendo. O problema é que não na velocidade que deveria. Mas dá para fazer transição energética com rentabilidade, mesmo porque ninguém do setor privado vai (investir) se não tiver lucro. Temos de olhar o que está funcionando. E tem muita coisa boa por aí em eficiência energética. Agora, as políticas públicas têm de ajudar a direcionar para o caminho correto. O começo da adoção das inovações é difícil. Precisa ter apoio do governo e dos bancos de desenvolvimento até chegar ao ponto em que se começa a ter escala e as coisas andam sem financiamento público.

Mas como vocês se posicionam em relação ao fim do uso dos combustíveis fósseis, considerando que a SB COP representa diferentes setores?

Ricardo Mussa: Eu era CEO de uma grande empresa de biocombustíveis aqui no Brasil, a Raízen, que é uma das maiores do mundo na área. O presidente do conselho da empresa tinha uma conta que era muito impactante para mim: se você pegar toda a produção da Raízen esperada para 2030 e multiplicar por 200 vezes, dá 0,6% do consumo mundial de petróleo. Isso é praticamente nada. Então, o petróleo é muito importante para o mundo hoje e substituí-lo é um desafio enorme. Isso não vai ser feito no curto prazo. Isso é mais para 2050. Agora, a gente precisa começar. E o fóssil é uma energia barata. Então, é preciso criar um caminho até lá. Esse balanço precisa ser feito com inovação e tecnologia. Começar ganhando eficiência, baixando a redução da própria emissão do fóssil.

Fonte: Broadcast Agro.