04/Jul/2025
Segundo a StoneX, após um início de safra marcado por preços mais baixos e consumo abaixo do registrado em 2024, o mercado de etanol ensaia uma retomada altista diante de uma combinação de fatores logísticos, climáticos e regulatórios. Os preços do hidratado iniciaram junho abaixo de R$ 3,10 por litro, menor patamar desde outubro de 2024, mas voltaram a subir na segunda quinzena do mês, ultrapassando R$ 3,20 por litro na base Ribeirão Preto (SP) com impostos. A mudança reflete, entre outros fatores, um mês de junho mais chuvoso, que desacelerou a colheita de cana no Centro-Sul. Outro fator que impulsionou o movimento de alta foi a aprovação, em 25 de junho, pelo Comitê Nacional de Política Energética (CNPE), do aumento da mistura obrigatória de etanol anidro na gasolina C, de 27% para 30%, a partir de agosto. A decisão deve provocar um deslocamento de parte da produção de etanol hidratado, consumido diretamente nos postos, para a produção de anidro, utilizado na mistura com a gasolina.
Com isso, a demanda anual por etanol anidro pode crescer até 1,4 bilhão de litros. A nova configuração pressiona um mercado que já registrava estoques baixos: até o fim de maio, os volumes estavam 36% abaixo do registrado no mesmo período de 2024 e 24% abaixo da média dos últimos cinco anos. A tendência de estoques menores no comparativo anual deverá se manter até o final da temporada, pressionando os preços principalmente do último trimestre de 2025 em diante. A produção total de etanol na safra 2025/2026, apesar de um leve recuo de 1,3% frente à temporada anterior, deverá somar 34,5 bilhões de litros. A retração ocorre principalmente por uma mudança no mix das usinas, que devem priorizar o açúcar. A expectativa atual aponta para uma queda de 7,7% na produção de etanol de cana, o que representa mais de 2 bilhões de litros a menos. O etanol de milho deve compensar parte dessa perda, com previsão de crescimento de 19,6% na produção, atingindo 9,8 bilhões de litros.
O etanol de milho é o principal fator de sustentação da produção do setor. Apesar da queda nos preços da gasolina promovida pela Petrobras no início de junho, a oferta mais restrita de etanol e o aumento do mandato do anidro sustentam uma perspectiva de preços firmes no mercado. A participação do hidratado no mix da Região Centro-Sul deve cair de 30,3% para abaixo de 29% nesta safra, refletindo a competitividade menor nas bombas. No cenário internacional, os fatores altistas incluem uma área plantada menor nos Estados Unidos, perdas de safra no Brasil e na Argentina e a possibilidade de novos mandatos de biocombustíveis nos Estados Unidos. Entre os elementos de pressão baixista estão as estimativas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) de produção global acima do consumo na safra 2024/2025 e preocupações com o ritmo da demanda mundial. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.