ANÁLISES

AGRO


SOJA


MILHO


ARROZ


ALGODÃO


TRIGO


FEIJÃO


CANA


CAFÉ


CARNES


FLV


INSUMOS

24/Jun/2025

Petróleo: mercado prevendo forte alta nos preços

O bombardeio dos Estados Unidos às instalações nucleares de Fordow, Natanz e Esfahan, no Irã, tende a provocar um salto nos preços do petróleo para algo entre US$ 90,00 e US$ 130,00 por barril, fuga para ativos de segurança (como ouro e Treasuries) e forte volatilidade em bolsas e câmbio. O tamanho desse abalo dependerá da resposta do Irã e, sobretudo, da ameaça de fechamento do Estreito de Ormuz, por onde escoa cerca de 20% do petróleo mundial. O Irã classificou o bombardeio como um "ataque militar selvagem" e o Parlamento aprovou uma moção que recomenda bloquear Ormuz, decisão que ainda passará pelo Conselho Supremo de Segurança Nacional.

Para o deVere Group, o ataque dos Estados Unidos contra o Irã é um divisor de águas no mercado. É um golpe direto nas suposições que têm impulsionado o posicionamento dos investidores: inflação mais baixa, taxas em queda e preços de energia estáveis. O petróleo pode chegar a US$ 130,00 por barril se houver retaliação. Segundo a The Link Investimentos, a onda de aversão a risco nos mercados globais deve atingir também os ativos brasileiros bem como ações e moedas de países emergentes. Setorialmente, empresas exportadoras devem ser penalizadas pelo aumento nos custos de frete, como frigoríficos, mineradoras e companhias de papel e celulose.

Em contrapartida, petroleiras brasileiras tendem a se beneficiar. Quem está mais longe do conflito vai se beneficiar ao vender um produto mais caro. Para a Allianz, se os mercados estivessem abertos após o ataque dos Estados Unidos, provavelmente, os preços do petróleo teriam um salto, as ações sofreriam pressão de baixa e o ouro de alta. A economia global se tornou uma fonte de choques negativos recorrentes. A L4 Capital prevê que o petróleo deve buscar algo entre US$ 90,00 e US$ 100,00 por barril, mas será um choque "pontual e localizado". As companhias de óleo e gás devem ter margens boa" nesse cenário, enquanto bancos centrais só reagiriam se a escalada for prolongada.

A Equator Investimentos vê espaço para forte avanço também do ouro, prata e cobre. A possível desaceleração ao longo da semana vai depender muito da resposta do Irã e do desenrolar dos acontecimentos. A incerteza sobre Ormuz domina as projeções. O mercado de apostas Polymarket chegou a precificar chances majoritárias de 63% de o Irã fechar o Estreito de Ormuz. A Eurasia, no entanto, vê apenas 20% de chance de que o Irã responda ao ataque dos Estados Unidos com o fechamento do Estreito de Ormuz. Segundo a AGF, a maior preocupação é o fechamento do Estreito. Se isso ocorrer, haverá consequências na inflação global.

O Grupo Laatus, acrescenta que, caso Ormuz seja fechado, o primeiro impacto seria a alta expressiva do petróleo, o que pressionaria o dólar para cima e reduziria as chances de corte de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). A Eurasia avalia que, ao menos por ora, o conflito entre Israel e o Irã parece limitado. Porém, a diplomacia segue travada, o que mantém a prateleira de riscos aberta. Mesmo entre os mais otimistas, ninguém descarta turbulência de curtíssimo prazo. Para a Green, isso muda fundamentalmente o cenário para setores sensíveis a taxas e voltados para o consumidor, como companhias de viagens e tecnologia. A Equador Investimentos lembra que, para o Brasil, a alta do petróleo pode ser benéfica à balança comercial, mas um repique inflacionário é preocupante.

Segundo o Bradesco, os efeitos do conflito no Oriente Médio sobre os preços do petróleo são incertos e complexos e dependerão de vários fatores, entre eles os danos à infraestrutura de produção e de transporte da commodity. No entanto, os impactos de um aumento no valor do barril sobre a economia brasileira parecem limitados. O Brasil produz 4,5 milhões de barris de petróleo por dia (bpd) e exporta cerca de 1,4 milhão. Para cada 10% de alta acumulada nos preços do petróleo em 12 meses, o déficit em conta corrente diminui em aproximadamente US$ 11,4 bilhões (ou 0,5% do Produto Interno Bruto - PIB), o resultado primário do governo melhora em 0,16% do PIB e a inflação, caso haja repasse para os preços domésticos, aumenta em 0,07%. No cenário atual, em que há danos limitados à infraestrutura e à produção de petróleo do Irã, o Bradesco considera que cotações próximas de US$ 70,00 por barril parecem sustentáveis.

Mesmo uma perda parcial da produção iraniana de 50%, desencadeada por danos maiores à infraestrutura ou escalada de sanções, removeria 1,65 milhão de bpd da oferta global, criando um déficit que a Arábia Saudita poderia cobrir totalmente usando sua capacidade de reserva existente, embora o período de até quatro meses necessário para o aumento da produção possa levar a picos temporários mais elevados no valor do barril. Num cenário em que a produção de petróleo do Irã fosse reduzida a zero, retirando 3,3 milhões de bpd da oferta global, a capacidade de reserva da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e a de nações aliadas, como a Rússia, "teoricamente" poderia substituir o volume perdido. No entanto, a situação criaria um hiato de oferta que nem mesmo a capacidade de reserva completa da Arábia Saudita cobriria totalmente, com 540 mil bpd descobertos até que outros produtores ativassem capacidade adicional.

Os Emirados Árabes Unidos poderiam ter papel decisivo para cobrir o hiato iraniano. Por outro lado, a Rússia se encontra sob sanções por conta da guerra na Ucrânia, o que pode limitar sua capacidade de compensação. O valor poderia superar US$ 90,00 por barril nessa hipótese. Num cenário extremo, o fechamento do Estreito de Ormuz teria um impacto mais importante, mesmo se a obstrução fosse temporária, já que aproximadamente 20 milhões de bpd transitam pelo local. A ocorrência e permanência de tal cenário por um longo período ainda parece de menor probabilidade, dado que poderia desencadear reações muito mais contundentes de outros países, inclusive aqueles da região que ainda não se envolveram no conflito. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.