23/Jun/2025
A escalada na guerra entre Israel e Irã acendeu o alerta vermelho nas refinarias privadas brasileiras, que mesmo antes do agravamento do conflito já estavam com a luz amarela ligada e relatavam problemas para adquirir petróleo no mercado interno e concorrer no setor de combustíveis com um agente dominante como a Petrobras. De acordo com a Refina Brasil, por mais que a Opep aumente a produção, como está previsto, se a guerra continuar escalando, o preço do petróleo vai explodir. No mês de junho, a commodity do tipo Brent já registra alta de mais de 20%. A maior preocupação no momento é o risco de fechamento do Estreito de Ormuz, um pedaço de oceano entre o golfo de Omã e o golfo Pérsico por onde passam 33% do petróleo comercializado no mundo e 20% do gás natural. Se isso acontecer, os preços de petróleo e gás tendem a subir mais, todos os derivados sobem.
Haverá um problema imediato de pressão de preço. Mas não é só isso. O segundo problema é a possível interrupção do Estreito de Ormuz, que impactará na China e na Europa, o que ocasionará pressão por atendimento pelos Estados Unidos dessa demanda; aí tem risco de desabastecimento. Um primeiro impacto evidente no Brasil será o preço. O Brasil exporta petróleo, e não vai deixar de exportar petróleo, ainda mais com o preço maior. O Brasil importa entre 20% e 30% de todo diesel que consome, dependendo da época do ano. A gasolina não deve ser tão afetada, já que o consumo é decrescente e existe a alternativa do etanol. A falta de capacidade de armazenagem do setor é um complicador a mais diante da escalada da guerra, o que poderá deixar o País com um certo grau de vulnerabilidade. O Brasil não tem capacidade de armazenagem e não tem refino suficiente.
Os Estados Unidos, só na semana passada, compraram 6 milhões de barris de petróleo a mais para o seu estoque estratégico, que tem quase um ano de reserva. A entidade defende uma política de preços adequada para Petrobras, uma política concorrencial de fornecimento de petróleo para refinarias no mercado interno, isso tudo serviria para sinalizar aos investidores que podem investir em refino e armazenagem no Brasil. As refinarias privadas, principalmente a Refinaria de Mataripe, na Bahia, privatizada em 2021, e que tem 14% do mercado, reivindicam uma política pública de refino para o País, depois que a venda de metade do parque de refino da Petrobras foi interrompida pelo atual governo. As refinarias acusam a estatal de impedir a competitividade do setor, por praticar preços abaixo do mercado internacional. Essa política precisa garantir soluções estruturais, como maior capacidade de armazenagem para amortecer oscilações de preços, incentivos ao refino nacional, correção de distorções regulatórias e concorrenciais para introduzir de fato o capitalismo no setor, e um combate rigoroso à sonegação e adulteração de combustíveis.
Com o preço do petróleo ultrapassando os US$ 75,00 por barril do tipo Brent, a defasagem nas refinarias da Petrobras atingiu uma média de 19% para o diesel no fechamento de quinta-feira (19/06). Por conta do aumento, a Refinaria de Mataripe subiu o preço do diesel em 4,5% e da gasolina em 4,2% na semana passada. A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse que ainda era cedo para mexer nos preços dos combustíveis da empresa, diante da grande volatilidade da commodity no mercado internacional. Depois de abandonar a política de preço de paridade de importação (PPI), em maio de 2023, a Petrobras passou a adotar uma estratégia de reajuste que leva em conta, além do preço do petróleo no mercado internacional, o câmbio e a fatia de mercado da estatal em derivados no Brasil. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.