09/May/2025
A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que representa as montadoras de automóveis, manifestou preocupação com a elevação dos juros de referência da economia, a Selic, que chegou a 14,75% ao ano. O nível atual dos juros está muito diferente do previsto na virada do ano e deve ter impacto nas compras de carros, que dependem de crédito. Apesar disso, a Anfavea vai esperar os resultados do segundo trimestre para decidir se revisa ou não as previsões ao desempenho do setor no ano. Por ora, elas apontam para uma alta de 6,3% do mercado. Esse prognóstico supera o crescimento de 3,4% registrado até abril. É um impacto bastante grande e é preciso observar ao longo dos próximos meses, quando essa medida terá efeitos práticos. Há doze meses, a Selic estava em 10,5%, e hoje chega a 14,75%.
É uma mudança de perspectiva para os agentes do setor automotivo e para os consumidores, que terão que passar por todas as análises de crédito e terão taxas de juros, no final, maiores. A taxa nos financiamentos de veículos, que poucos meses atrás atingiu o pico de 29,3%, está agora em 28,5%. Com a subida de 0,5% na quarta-feira (07/05), esses dois mercados, tanto o de pesados quanto o de leves, serão impactados ao longo dos próximos meses. Se a taxa futura subir mais juros, a restrição de crédito vai gerar um problema de fluxo de emplacamentos ao longo do segundo semestre. O aumento de juros coloca um fator adicional de preocupação sobre o desempenho do mercado de caminhões, que está estagnado neste ano, com queda de 0,4% no acumulado de janeiro a abril. Ao mesmo tempo, se observa avanço dos carros importados, que capturou o crescimento do consumo de veículos. Praticamente um a cada cinco carros vendidos no Brasil (19,7%) vem do exterior, incluindo nesta conta as importações que complementam o portfólio das montadoras com fábricas no País. Enquanto as vendas de importados subiram 18,7% no período de janeiro a abril, as de veículos nacionais cresceram apenas 0,2%.
Esses dois temas, estagnação do mercado de pesados e entrada de carros importados, serão alvo de ações da Anfavea nos próximos meses. O ciclo recorde de investimentos do setor, que chega a R$ 180 bilhões quando se inclui na conta os fornecedores de autopeças, foi anunciado com base em perspectivas mais otimistas do que o quadro atual da economia brasileira. A desvalorização do dólar traz um alívio ao custo de produção, mas, por outro lado, a elevação dos juros traz a perspectiva de financiamentos de veículos mais caros. As previsões, os anúncios de investimentos, foram feitos num cenário de muito mais confiança na economia brasileira. Não há relatos de cancelamento ou adiamento dos investimentos. Porém, que o setor terá que acompanhar, mês a mês, a evolução do cenário econômico e das incertezas no exterior. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.