02/Apr/2025
A safra 2025/2026 será mais açucareira. A expectativa é de que a participação do açúcar no mix de produção fique entre 51% e 52%, acima dos 48% registrados em 2024/2025. Isso deve garantir uma oferta próxima ao recorde de 2023/2024, quando foram produzidas 42,4 milhões de toneladas de açúcar. Ainda assim, a demanda global deve sustentar os preços. Há preocupações sobre a oferta global, especialmente na Índia, Paquistão, Tailândia e China. Caso a recuperação da produção indiana seja limitada, o país pode ficar fora do mercado de exportação em 2025/2026, o que poderia impulsionar os preços para entre 21,00 e 23,00 centavos de dólar por libra-peso ou até mais.
O Rabobank ressalta que o preço internacional do açúcar segue atrativo para as usinas, variando entre 19,00 e 20,00 centavos de dólar por libra-peso na Bolsa de Nova York. O banco estima um déficit global de 3,8 milhões de toneladas para a safra 2024/2025 (outubro de 2024 a setembro de 2025), o que deve manter os preços sustentados no curto prazo. A Hedgepoint projeta um ritmo mais lento nas exportações do Centro-Sul no início da safra 2025/2026, tendência que pode contribuir para a manutenção dos preços. O atraso na moagem e a sazonalidade climática são os principais fatores para essa expectativa. A consultoria, que estima embarques de 34,2 milhões de toneladas ao longo da safra.
A Datagro prevê que os estoques de passagem de açúcar na Região Centro-Sul fiquem entre 1,2 e 1,3 milhão de toneladas, abaixo dos 1,9 milhão de toneladas registrado no ano passado. Os embarques semanais de açúcar caíram significativamente na segunda metade da safra devido à exaustão dos estoques, reflexo da alta demanda global e da redução da produção causada por condições climáticas adversas. O cenário macroeconômico também pode influenciar as decisões das usinas. Os preços do petróleo encontram dificuldades para superar os US$ 70,00 por barril, e a possibilidade de uma desaceleração econômica global devido às tarifas dos Estados Unidos pode afetar a demanda por combustíveis.
A StoneX observa que, embora a seca possa afetar o volume de cana-de-açúcar disponível em 2025/2026 no Centro-Sul, um ATR mais elevado pode compensar parcialmente a perda. Mesmo com menor volume, foi elevada a projeção de produção de açúcar, pois as condições favoreceram a concentração de sacarose. A projeção da StoneX para a produção de açúcar é de 41,7 milhões de toneladas. A Brasil Agro também destaca que a safra tende a ser mais açucareira, pois os preços estão mais vantajosos para as usinas. Muitas já fizeram vendas antecipadas aproveitando os preços elevados no passado. Aquelas que têm flexibilidade para produzir tanto açúcar quanto etanol vão priorizar a produção de açúcar para garantir contratos. No entanto, fatores climáticos podem limitar essa projeção.
Além da queima da cana-de-açúcar, algumas regiões enfrentaram problemas de murcha, o que afeta diretamente o processamento industrial. Com um mix mais voltado ao açúcar, os preços do etanol tendem a ficar sustentados durante a safra. Além disso, dois fatores podem ampliar esse cenário: estoques mais baixos no início da temporada e o possível aumento da demanda, caso o governo eleve a mistura de etanol anidro na gasolina de 27% para 30%. Se aprovada pelo Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), a medida adicionaria 1,1 bilhão de litros à demanda anual do biocombustível, calcula o Rabobank. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.