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27/Mar/2025

Etanol: setor brasileiro contra reduzir tarifa dos EUA

A uma semana da entrada em vigor das chamadas “tarifas recíprocas” do presidente norte-americano Donald Trump, que devem atingir o etanol brasileiro exportado aos Estados Unidos, o setor sucroalcooleiro embarcou para o Japão, como parte da comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na expectativa de conquistar espaço em um novo mercado em formação. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar e Bioenergia (Unica) afirmou que o setor rejeita a hipótese de uma redução na tarifa de 18% cobrada sobre o etanol de milho importado dos Estados Unidos como forma de evitar a tarifação recíproca anunciada por Trump.

A promessa do governo norte-americano é de que a tarifa passe a valer a partir do dia 2 de abril, e o governo brasileiro segue tentando adiá-la em rodadas de conversas. A indústria nem cogita esse tema de redução da tarifa, pois são dois produtos extremamente diferentes. Não faz sentido deixar de crescer a produção brasileira de um etanol de baixo nível de emissão para importar um etanol com alto nível de emissão, que é feito nos Estados Unidos. Não há contraproposta brasileira aos Estados Unidos e o setor confia na estratégia de negociação adotada pelo governo brasileiro, que optou por ouvir o setor antes de iniciar conversas com representantes da administração Donald Trump.

A Unica já participou de reuniões com o vice-presidente Geraldo Alckmin (também ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços) e de duas recentes audiências com o ministro Mauro Vieira (Relações Exteriores). O setor confia no governo brasileiro, que está sendo, lógico, diplomático e buscando soluções pacificadoras para esse processo, mas ao mesmo tempo com uma altivez muito grande, percebendo com clareza os diferenciais do etanol brasileiro e a necessidade de respeitar e valorizar esses atributos nacionais. Caso os Estados Unidos não revertam a prometida tarifa de 18% ao etanol brasileiro, a consequência será um aumento de custos internos nos Estados Unidos, sem impacto imediato aos produtores nacionais.

Os produtores brasileiros exportam sobretudo para clientes da Califórnia, por causa de compromissos de redução de emissões de gases do California Air Resources Board, agência governamental destinada ao controle da poluição do ar e do combate a mudanças climáticas. A expectativa é de que a taxação não aconteça. Os Estados comprometidos com a descarbonização vão pagar mais caro por esse etanol. A Califórnia importa etanol do Brasil porque o produto nacional é mais limpo. O etanol norte-americano chega a ter o triplo de emissões do que o etanol brasileiro. Não teria lógica essa tarifa de equivalência, já que os produtos são diferentes.

Então, para cumprir as metas de redução de emissões na Califórnia, é preciso comprar o etanol brasileiro. No Japão, o maior competidor do Brasil serão os Estados Unidos, maior produtor de etanol do mundo, com 52% de participação em 2024, segundo dados da Renewable Fuels Association (RFA). Em fevereiro, o premiê japonês indicou a intenção de importar mais etanol dos Estados Unidos, “a um preço estável e razoável”, o que foi prontamente comemorado por Donald Trump. Vai ser uma competição de mercado natural, mas o Japão tem se debruçado muito sobre o tema da diminuição de emissões de CO2 e já reconhece largamente e publicamente que o etanol brasileiro tem um nível de emissão muito menor. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.