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14/Mar/2025

Etanol: setor dos EUA quer elevar tarifa sobre Brasil

A Growth Energy, maior associação que representa os produtores de biocombustíveis dos Estados Unidos, instou o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR) a adotar ações contra países que dificultam as exportações de etanol norte-americano. Em carta enviada ao USTR, a entidade apontou o Brasil como “o exemplo máximo da desigualdade para o etanol dos Estados Unidos” e defendeu a imposição de tarifa de até 35% contra o produto do País. “Faz sentido que a Casa Branca tenha destacado esse tratamento bilateral desigual em seu recente comunicado sobre o Memorando Presidencial sobre Comércio Recíproco e Tarifas”, afirmou a associação na carta, publicada no seu site oficial.

A Growth Energy criticou o Brasil por impor tarifas de 18% ao etanol importado, enquanto os produtores brasileiros têm “acesso irrestrito” ao mercado norte-americano, onde as tarifas aplicadas ao etanol brasileiro variam entre 1,9% e 2,5%. A entidade sugeriu que o governo dos Estados Unidos adote tarifas recíprocas, igualando a tributação brasileira, que pode chegar a 35%. Outro ponto de preocupação da entidade é a exclusão do etanol dos Estados Unidos do acesso aos créditos de descarbonização (CBios) no programa RenovaBio. A indústria dos Estados Unidos continua aguardando revisões técnicas no regulamento do RenovaBio. A Growth Energy também ressaltou que parte do etanol brasileiro importado pelos Estados Unidos é utilizado na produção de ETBE (éter etílico terc-butílico) para exportação. A imposição de uma tarifa recíproca ao etanol do Brasil poderia elevar os custos do ETBE, tornando o etanol norte-americano uma opção mais viável para exportação ao Japão.

A entidade destacou ainda a piora no saldo comercial dos Estados Unidos com o Brasil no setor de etanol. Em 2023, o déficit comercial norte-americano com o Brasil foi de US$ 212 milhões, ante um déficit de US$ 150 milhões no ano anterior. Esse cenário contrasta com o superávit de US$ 197 milhões registrado em 2018. Além disso, o Brasil, que em 2017 era o principal destino das exportações de etanol dos Estados Unidos, com um volume de US$ 736 milhões, caiu para a 13ª posição em 2024 (US$ 54 milhões) e para a 41ª em 2023 (US$ 140 mil). A reivindicação da Growth Energy faz parte de um comentário público em resposta aos memorandos presidenciais sobre a política comercial “America First” e tarifas recíprocas. Além do Brasil, a associação criticou a China pelo descumprimento dos compromissos assumidos no acordo comercial de 2020, que previa a compra de etanol e outros produtos agrícolas norte-americanos.

Também fez ressalvas às restrições impostas pela União Europeia e pelo Reino Unido ao uso de biocombustíveis à base de milho, como o etanol dos Estados Unidos. A carta ainda alertou para barreiras comerciais no Canadá, citando a decisão da província da Colúmbia Britânica de, a partir de 2026, permitir apenas o uso de biocombustíveis produzidos no país para atender a exigências ambientais. A Growth Energy teme que outras províncias sigam o mesmo caminho, afetando as exportações norte-americanas. Por fim, a entidade defendeu uma postura mais assertiva dos Estados Unidos em negociações comerciais com países como Índia, Colômbia, México e Vietnã. Também solicitou mudanças nos critérios da Organização Internacional de Aviação Civil para aumentar a competitividade do etanol norte-americano no setor de combustíveis sustentáveis para aviação. Atualmente, o etanol dos Estados Unidos é um dos produtos agrícolas mais competitivos do país, com um superávit comercial de US$ 3,97 bilhões em 2024. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.