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12/Mar/2025

Etanol: impactos da taxa menor a produto dos EUA

Segundo a PwC Brasil, a cadeia produtiva do etanol é no agronegócio brasileiro a mais ameaçada pelos potenciais impactos das políticas de comércio exterior do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Possíveis medidas dos Estados Unidos, como a adoção de tarifas de reciprocidade ou negociações que permitam a entrada do etanol norte-americano no Brasil com taxação menor, podem afetar a relação entre oferta e demanda do produto internamente. Caso o Brasil reduza a tarifa de 18% sobre o etanol dos Estados Unidos, isso poderia gerar um aumento nas importações do produto. Contudo, sem um arranjo adequado para a indústria nacional, como o aumento da percentagem de mistura do etanol anidro na gasolina, essa mudança pode criar desequilíbrios no mercado interno.

Se, como parte das negociações, o Brasil reduzir a tarifa sobre o etanol de milho dos Estados Unidos, isso poderia aumentar as importações. Porém, sem ajustes na demanda interna, como o aumento da mistura do etanol anidro, essa mudança poderia prejudicar a indústria nacional. Os Estados Unidos querem abrir o diálogo a respeito do imposto de importação que o Brasil aplica sobre o etanol comprado do país. O aumento da entrada de etanol norte-americano no Brasil poderia aliviar a pressão sobre os produtores de milho dos Estados Unidos, especialmente caso a China reduza suas compras do grão. No entanto, o impacto para o Brasil dependeria das contrapartidas negociadas e da capacidade do mercado interno de ampliar o consumo do biocombustível. Atualmente, o mercado de etanol brasileiro é predominantemente interno, com volumes exportados praticamente insignificantes.

Isso torna mais desafiador aumentar a demanda interna para absorver um maior volume de etanol importado. É um mercado majoritariamente interno, ao contrário do açúcar, que possui grande volume exportado. Se essa demanda não crescer, qualquer negociação nesse sentido se torna uma moeda de troca complexa, podendo prejudicar o setor nacional. O Brasil poderia se tornar um destino atrativo para o etanol norte-americano, mas isso só seria vantajoso caso o País conseguisse expandir a demanda interna. O setor de etanol no Brasil já enfrenta desafios como a concorrência com a gasolina, altos custos e a tributação elevada. A introdução de mais etanol importado sem uma política pública para incentivar o consumo poderia prejudicar os produtores brasileiros. Se a demanda não crescer, qualquer negociação nesse sentido pode prejudicar ainda mais o setor nacional.

Além dos impactos diretos na cadeia do etanol, as novas tarifas impostas pelos Estados Unidos, no contexto de sua crescente disputa comercial com a China, devem provocar uma reorganização dos fluxos comerciais globais, afetando preços e cadeias produtivas. Para o agronegócio brasileiro, no entanto, a guerra comercial pode abrir novas oportunidades. Se os Estados Unidos receberem novas tarifas da China, o Brasil pode aumentar ainda mais sua participação no mercado chinês, especialmente com produtos como a soja e a carne bovina. No curto prazo, a tendência é de que o Brasil continue ganhando espaço nas exportações de soja para a China, com a guerra comercial já tendo estabelecido novos fluxos de mercado. Com a manutenção dessas tarifas, há expectativa de que o Brasil possa registrar recorde de embarques para a soja. Fonte: Broadcast Agro. Adaptado por Cogo Inteligência em Agronegócio.